sexta-feira, 19 de abril de 2024

Goiás

A jornada política de seis décadas de Íris Rezende

POR Ana Carolina Morais | 09/11/2021
A jornada política de seis décadas de Íris Rezende

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

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Íris Rezende, um dos maiores nomes da política do estado de Goiás, morreu na madrugada desta terça-feira (9), aproximadamente às 0h30, após passar pouco mais de três meses em internação devido à um AVC. Ele dedicou seis décadas de sua vida ao âmbito político, que só conseguiu abandonar há pouco, no ano passado, quando anunciou que não concorreria à reeleição pela prefeitura de Goiânia, em 2020, porque iria se aposentar.

 

 

O político já havia tentado encerrar sua trajetória há três anos atrás, quando anunciou sua aposentadoria no ano de 2018, onde afirmou que o novo mandato que se iniciava seria seu último, o qual ele só se colocou à disposição devido a situação “vexatória” em que Goiânia se encontrava – palavras dele. No fim de 2020, então, diante as especulações sobre uma possível reeleição, ele voltou a afirmar que terminaria sua história política ali.

 

 

O constante envolvimento de Íris com o mundo político e dificuldade de se desvencilhar dele não era em vão, afinal, foram seis décadas de dedicação e muitos cargos por ele assumidos: vereador, deputado estadual, prefeito da capital goiana, governador de Goiás, senador e ainda ministro da Agricultura e da Justiça.

 

 

Toda essa importante trajetória foi iniciada após Íris ter se envolvido com grêmios estudantis em escolas que havia estudado em Goiânia e decidido, aos 22 anos de idade, ingressar no mundo político, mesmo com a contrariedade de seu pai, Filostro Machado Carneiro, que desejava que seu filho se envolvesse com os negócios da família.

 

 

A primeira corrida eleitoral de Íris foi em 1958, para vereador da capital goiana. Seu partido era o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro. Ele assumiu o cargo em 1959 e ficou naquela função até 1962. Durante seu mandato como vereador, o político concluiu, em 1960, o curso de Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

 

 

A jornada política de Íris é marcada pela escalada de cargos, o que ocorreu com ele desde o início de sua história. Após ser vereador, em 1963 ele já assumia outro novo compromisso ao vencer a eleição estadual para o cargo de deputado estadual como o candidato mais votado. Nessa época, ele havia deixado o PTB e se filiado no PSD, Partido Social Democrático.

 

 

Dando continuidade à sua vivência em diversos cargos políticos, no ano de 1965 Íris Rezende se elegia como prefeito de Goiânia pelo PSD depois de uma acirrada disputa, na qual seu adversário, Juca Ludovico, era o apoiado pelo governo militar que comandava o país naquele período. Essa gestão foi marcada por mutirões para construção de casas populares onde o próprio Íris participava dos trabalhos das construções destas residências. Historiadores apontam esta ação como uma forma de ganhar popularidade diante do cenário de ditadura.

 

 

Sua forma de governo incomodou os opositores, em especial por ele ser, cada vez mais, querido pela população. Diante de seu inegável sucesso como político, o Arena, partido dos militares durante a ditadura, convidou Íris à filiação, que negou o pedido, tornando-se, então, alvo dos militares, o que resultou em sua cassação em 1969 e perca dos direitos políticos pelo período de 10 anos.

 

 

Essa fatalidade não foi suficiente para deter Íris, que ao ter seus direitos políticos reestabelecidos em 1979, retornou à cena política filiando-se ao PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, sendo indicado, pouco tempo depois, à disputa pelo Governo de Goiás, onde derrotou seu adversário, em 1982, com 67% dos votos.

 

 

Foi à frente do estado de Goiás que Íris começou a se despontar, ainda mais, no cenário político. Ele participou, em 1984, do movimento Diretas Já, que pedia o retorno das eleições presidenciais diretas, o que fez com que, em 1985, com o fim da Ditadura Militar, ele assumisse o Ministério da Agricultura durante o governo do presidente José Sarney e a pasta da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso.

 

 

Após seu período de destaque nacional, Íris foi novamente eleito, em 1990, como governador do território goiano, retornando, ainda, para mais um momento de expansão nacional em 1994, quando foi eleito senador por Goiás. No fim da década de 90, no entanto, o político foi derrotado por seu adversário Marconi Perillo nas eleições para o governo goiano. Íris, então, voltou às disputas pela gestão da capital goiana, sendo o prefeito de Goiânia em 2004 e 2008.

 

 

No ano de 2010, Íris tentou, novamente, o cargo de governador. Ele abandonou o comando da capital para esta disputa, sendo derrotado mais uma vez por Marconi. Em 2016 o político voltou à concorrência pela prefeitura de Goiânia, saindo vitorioso, sendo este seu último cargo assumido, uma vez que, ao finalizá-lo em 2020 aos 86 anos, optou pela aposentadoria.

 

 

(Com informações do Brasil Escola e do G1 Goiás)

 

 

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