quinta-feira, 31 de julho de 2025

Saúde

Surto de febre oropouche avança pelo Brasil e já causa mortes em 18 estados

POR Marcos Paulo dos Santos | 27/07/2025
Surto de febre oropouche avança pelo Brasil e já causa mortes em 18 estados

Foto: © Fiocruz/Divulgação

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Antes restrita à Região Amazônica, a febre oropouche se espalhou rapidamente pelo Brasil e já foi confirmada em 18 estados e no Distrito Federal somente este ano, totalizando 11.805 casos. O Espírito Santo, a quase 3 mil km do foco original da doença, lidera os registros com 6.318 infecções. O número de mortes também já superou o total de 2024: são cinco óbitos confirmados em 2025, contra quatro no ano passado.

 

A doença é causada por um vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. O inseto é encontrado em todo o território nacional, mas se reproduz com mais facilidade em ambientes úmidos com matéria orgânica, comuns em áreas de floresta e plantações — principalmente lavouras de banana. Os sintomas são semelhantes aos da dengue e chikungunya: febre, dor de cabeça, muscular e nas articulações.

 

O Ministério da Saúde alertou para os riscos em gestantes, já que o vírus pode provocar microcefalia, malformações e até a morte do feto, como ocorreu em pelo menos cinco casos no Brasil em 2024. Ainda que a transmissão sexual não tenha sido comprovada, recomenda-se o uso de preservativos durante o período de sintomas como medida preventiva.

 

Estudos do Instituto Oswaldo Cruz apontam que a linhagem atual do vírus surgiu no Amazonas e se espalhou para outras regiões, influenciada pelo desmatamento em áreas como o sul do Amazonas e o norte de Rondônia. O pesquisador Felipe Naveca destaca que o avanço da doença está ligado a mudanças ambientais, como períodos intensos de chuvas ou secas, que afetam tanto os mosquitos quanto os animais hospedeiros.

 

Um estudo internacional identificou que alterações climáticas, como o fenômeno El Niño, contribuíram com até 60% na disseminação da doença em países sul-americanos, incluindo o Brasil.

 

Espírito Santo lidera casos e alerta população

 

Com mais de 6 mil infecções, o Espírito Santo enfrenta um cenário de alerta. De acordo com o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, boa parte dos municípios capixabas têm características periurbanas e áreas de plantação, o que favorece a proliferação do maruim. Além disso, a colheita do café atrai trabalhadores de outros estados, ampliando a circulação do vírus.

 

As autoridades locais estão promovendo treinamentos para profissionais de saúde, com foco no diagnóstico correto da doença e diferenciação em relação a outras arboviroses como a dengue.

 

Nordeste também enfrenta alta de casos

 

No Nordeste, o Ceará registrou 674 casos em 2025. Inicialmente concentrada em distritos rurais do Maciço de Baturité, a doença chegou à cidade de Baturité, com mais de 20 mil habitantes. Segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Lima Neto, a transição para áreas urbanas representa um novo desafio para o controle da oropouche.

 

Além de reforçar a vigilância laboratorial e o diagnóstico, especialmente em gestantes, o estado investe em estudos sobre barreiras químicas entre áreas de plantio e residências. O desafio é maior que no combate ao Aedes aegypti, pois o maruim se desenvolve em condições ambientais mais complexas.

 

Ministério da Saúde monitora e testa soluções

 

O Ministério da Saúde tem intensificado o monitoramento da doença, realizado reuniões com autoridades locais e conduzido estudos, em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, sobre o uso de inseticidas para conter o vetor. As orientações de prevenção incluem o uso de roupas compridas, sapatos fechados, telas em janelas e eliminação de matéria orgânica acumulada.

 

A previsão é que 2025 ultrapasse os 13.856 casos registrados em 2024, confirmando a expansão da febre oropouche como mais um desafio para a saúde pública brasileira.

 

 

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