terça-feira, 09 de dezembro de 2025
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O governo federal deve recorrer a um aumento do imposto de importação para fechar as contas de 2025, segundo o relatório da Receita do PLOA aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). A previsão é arrecadar cerca de R$ 14 bilhões extras, mas o documento não explica de onde exatamente virá esse dinheiro — o que abre margem para críticas sobre a falta de transparência na construção do Orçamento.
A equipe econômica avalia elevar tarifas de setores que vêm sofrendo forte impacto da concorrência internacional, especialmente da China. Entre os alvos estão o setor automotivo e a indústria do aço, que apontam uma “invasão” de produtos estrangeiros e pressionam o governo por medidas de proteção.
Apesar disso, a justificativa oficial parece ir além da defesa comercial. A leitura é clara: o governo precisa aumentar a arrecadação, e elevar tarifas se tornou uma saída rápida para reforçar o caixa, ainda que isso possa encarecer produtos e afetar consumidores.
A movimentação também é reflexo de um cenário global marcado por guerras comerciais. Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ampliou tarifas contra a China, diversos países passaram a receber um fluxo maior de produtos chineses redirecionados. O Brasil, porém, não tem apresentado respostas estruturais, recorrendo mais uma vez a medidas pontuais para conter impactos.
O setor do aço projeta queda na produção e aumento superior a 30% nas importações no próximo ano, enquanto o setor automotivo pressiona para que a tarifa volte ao teto de 35%. Ambos querem proteção — e o governo deve ceder.
A questão é: até quando ajustes tarifários serão usados como solução improvisada para problemas estruturais da economia brasileira? Sem política industrial consistente, a elevação do imposto de importação pode até aliviar as contas no curto prazo, mas não resolve os gargalos que tornam a indústria nacional cada vez menos competitiva.
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