sexta-feira, 04 de julho de 2025

Deportado por engano, homem relata tortura e condições desumanas em prisão de El Salvador

POR Ana Carla Oliveira | 03/07/2025
Deportado por engano, homem relata tortura e condições desumanas em prisão de El Salvador

Foto: Reprodução Metrópoles

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O cidadão norte-americano e salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado dos Estados Unidos por engano, revelou ao tribunal de Maryland, nos EUA, nesta quarta-feira (2/7), que foi submetido a torturas físicas e psicológicas durante os três meses em que esteve preso em El Salvador. O caso escancara falhas no sistema de imigração norte-americano e as condições desumanas do sistema prisional salvadorenho.

 

Morando há 14 anos nos EUA e pai de três filhos, García foi deportado sob a acusação de pertencer à violenta gangue MS-13, que atua em diversos países da América Central e nos EUA. A alegação, segundo as autoridades, se baseou em um suposto erro administrativo durante o governo Trump, que, apesar de reconhecer a falha, afirmou inicialmente não haver mecanismos legais para reverter a deportação.

 

Após sua remoção forçada, Kilmar foi enviado ao polêmico Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), em El Salvador — mega-prisão criada sob a gestão do presidente Nayib Bukele. Segundo o relato apresentado à Justiça, ele foi mantido em uma cela superlotada, sem janelas e com luzes acesas 24 horas por dia. As beliches de metal não tinham colchões, e o acesso ao banheiro era negado em várias ocasiões.

 

“Os guardas agrediam os prisioneiros que caíam de joelhos por exaustão. Ábrego García teve que se sujar por não ter permissão para ir ao banheiro”, diz o documento entregue por seus advogados. Ele também perdeu cerca de 14 quilos nas duas primeiras semanas de confinamento.

 

As autoridades salvadorenhas, ao analisarem suas tatuagens, concluíram que não havia relação com gangues. García foi separado dos demais detentos acusados de envolvimento com organizações criminosas, e os próprios agentes penitenciários disseram a ele: “Suas tatuagens estão ok”.

 

O episódio tornou-se um dos primeiros relatos detalhados das condições dentro da prisão conhecida como “mega-presídio”, que, segundo organizações de direitos humanos, foi criada para fazer com que presos simplesmente “desaparecessem”.

 

De volta aos Estados Unidos, Kilmar está atualmente sob custódia em Nashville, no Tennessee. Embora tenha sido trazido novamente ao país após pressão e revisão do caso, ele ainda enfrenta acusações de tráfico humano e associação com a MS-13 — acusações que seus advogados classificam como uma tentativa do governo de justificar a deportação indevida.

 

No último domingo, um juiz determinou sua libertação enquanto o processo judicial continua em andamento. O caso de Kilmar Ábrego García reacende o debate sobre os direitos dos imigrantes, os abusos cometidos sob políticas migratórias rígidas e as consequências devastadoras de erros administrativos que colocam vidas em risco.

 

*Com informações Metrópoles

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