quarta-feira, 14 de maio de 2025

"Bonita demais para ser freira": Brasileira é afastada de mosteiro na Itália após denúncias

POR Marcos Paulo dos Santos | 13/05/2025

Foto: RAI

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A freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, natural de Macapá (AP), foi afastada do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, em Vittorio Veneto, na Itália, no dia 21 de abril de 2025. O motivo do afastamento teria sido uma denúncia anônima enviada ao papa Francisco em 2023, com acusações de maus-tratos e desvio de recursos — alegações negadas por Ghammachi.

 

Ascensão e liderança

 

Ghammachi expressou ainda na adolescência o desejo de seguir a vida religiosa. Após concluir o curso de Administração de Empresas, mudou-se para a Itália em 2005 para ingressar no convento. Em 2018, aos 34 anos, tornou-se a madre-abadessa mais jovem do país.

 

Durante sua liderança, o mosteiro se destacou por abrir suas portas à comunidade, mantendo as regras da vida monástica. A instituição passou a oferecer apoio a mulheres vítimas de violência, pessoas autistas e implantou uma horta comunitária. As religiosas também produziam e comercializavam produtos como mel, hóstias, cremes, óleos essenciais e até Prosecco orgânico.

 

Defesa e questionamentos

 

A freira contesta as acusações e afirma que todas as contas de sua gestão nos últimos cinco anos foram auditadas e aprovadas pela Igreja. Ela recorreu da decisão junto ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica — a instância máxima do Judiciário do Vaticano — e questiona a forma como o processo foi conduzido, especialmente por ter ocorrido durante a Páscoa e após a morte do papa.

 

Aline também afirma não ter tido acesso aos documentos da denúncia e desconhecer os detalhes das acusações. Uma testemunha presente no dia do afastamento relatou que as freiras não receberam explicações e foram orientadas a manter silêncio.

 

Comentários sobre aparência

 

Em entrevista à CNN, Ghammachi revelou ter escutado de membros da Igreja que seria "bonita demais para ser freira", comentários que eram feitos de forma recorrente e tratados como brincadeiras. Ela acredita que essas falas, além de ofensivas, funcionavam como formas de desqualificá-la: “Muito bonita para ser freira, muito jovem para ser abadessa”, relatou. Para Aline, tais comentários beiram o assédio e refletem uma visão distorcida sobre a vocação religiosa.

 

Reações e clima interno

 

Desde seu afastamento, duas postulantes decidiram deixar o mosteiro e cinco freiras formalizaram queixas contra a nova madre comissária, acusando-a de tentar impor uma espécie de “lavagem cerebral” e incentivá-las a aceitar o sofrimento como forma de penitência.

 

Até o momento, o Vaticano não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

 

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