sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

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Usuários de Whatsapp estão falando menos de política, afirma estudo

POR | 16/12/2025
Usuários de Whatsapp estão falando menos de política, afirma estudo
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O compartilhamento de notícias e opiniões políticas tem diminuído de forma significativa em grupos de WhatsApp formados por familiares, amigos e colegas de trabalho. Além disso, mais da metade das pessoas que participam desses grupos afirmam ter receio de se posicionar sobre o tema.

 

Os dados fazem parte do estudo Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens, divulgado nesta segunda-feira (15), elaborado pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social, instituições independentes e sem fins lucrativos.

 

Segundo a pesquisa, 54% dos usuários do WhatsApp participam de grupos de família, 53% de grupos de amigos e 38% de grupos de trabalho. Já os grupos voltados exclusivamente para debates políticos representam apenas 6% dos participantes — em 2020, esse percentual era de 10%.

 

Entre 2021 e 2024, houve queda expressiva na circulação de conteúdos relacionados à política, políticos e governo nesses ambientes. Nos grupos de família, a proporção caiu de 34% para 27%. Nos grupos de amigos, de 38% para 24%. Já nos grupos de trabalho, a redução foi de 16% para 11%.

 

Depoimentos coletados no estudo indicam um movimento de autorregulação. Muitos participantes relatam evitar o assunto para preservar a convivência e evitar discussões. Uma entrevistada resume que, atualmente, há mais cuidado para não misturar política com relações pessoais.

 

Medo de se posicionar

 

O levantamento aponta que 56% dos entrevistados sentem medo de expressar opiniões políticas por considerarem o ambiente agressivo. Esse receio aparece em todos os espectros ideológicos: 63% entre pessoas que se identificam com a esquerda, 66% no centro e 61% na direita.

 

Além disso, 52% afirmam que se policiam cada vez mais sobre o que dizem nos grupos, enquanto 50% evitam falar de política no grupo da família para não gerar brigas. Cerca de 65% dizem evitar conteúdos que possam atacar valores de outras pessoas.

 

O estudo também mostra que 29% já saíram de grupos onde não se sentiam confortáveis para expressar suas opiniões políticas.

 

Quem ainda se posiciona

 

Apesar do cenário de cautela, uma parcela dos usuários segue se manifestando. Do total de entrevistados, 12% afirmam compartilhar informações consideradas importantes mesmo que gerem desconforto, e 18% dizem que expõem suas ideias mesmo correndo o risco de ofender alguém.

 

Entre os 44% que se sentem seguros para falar sobre política no WhatsApp, algumas estratégias são comuns:

 

  • 30% utilizam mensagens de humor para abordar o tema;
  • 34% preferem discutir política no privado;
  • 29% falam apenas em grupos com pessoas que pensam de forma semelhante.

 

Uso mais maduro

 

Para as autoras do estudo, o WhatsApp segue sendo uma ferramenta central na vida cotidiana, e a política continua presente nas interações, ainda que de forma mais contida. O levantamento, realizado anualmente desde 2020, indica um processo de amadurecimento no uso do aplicativo.

 

Segundo a análise, ao longo dos anos os usuários desenvolveram regras próprias e uma espécie de “ética dos grupos”, especialmente para lidar com temas sensíveis como política, buscando preservar relações e evitar conflitos desnecessários.

 

A pesquisa ouviu 3.113 pessoas com 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre os dias 20 de novembro e 10 de dezembro de 2024. O estudo contou com apoio financeiro do WhatsApp, que, segundo o InternetLab, não interferiu nos resultados ou na condução da pesquisa.

 

Com informações de Agência Brasil.

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