Se você acredita que ao sair da sua rotina agora e começasse a treinar para alguma modalidade esportiva, participar de uma competição classificatória para, enfim, chegar uma Olimpíada, tudo isso em quatro anos, sinto muito, você não está sozinho. Tal pensamento é compartilhado por nada mais que 27% da população do Reino Unido.

Só porque viram pela TV alguns atletas como o atirador turco Yusuf Dikec conseguir uma medalha de prata no tiro de 10m com seu estilo descontraído e sem nenhum equipamento, esta parte ignorante da população pensa que se daria bem largando os afazeres da vida e ir treinar algum esporte para os Jogos de Los Angeles em 2028. É o terraplanismo do alto rendimento.

A pesquisa encomendada pelo Yougov ainda detalhou a faixa etária, o sexo e o esporte que escolheriam para treinar imediatamente até 2028. O esporte mais escolhido foi aquele que dispensa melhor condição física e foi o tiro de 10 metros, seguido por arco, badminton, tênis de mesa e remo. Homens de 18 a 24 anos, são a maioria dos que acham que ser atleta olímpico é como mudar de emprego.

Diante dessa insanidade, é preciso trazer luz a esta escuridão. Primeiramente, Yusuf Dikec pratica tiro desde 2001 e só agora, conseguiu a sua primeira medalha de prata, 23 anos depois. Depois, ser atleta, depende do que você deseja renunciar em sua vida. Estaria disposto a abdicar de fins de semana de lazer? Quantas cirurgias você passaria por cada lesão sofrida? Quanto tempo você aguentaria ficar treinando sob pressão de concorrentes? Suportaria ouvir gritos do seu treinador durante o período? Mudaria a sua alimentação? Passaria perrengue para chegar ao local de treino sem possibilidade de não ter futuro de carreira?

Para finalizar, vamos voltar a pesquisa com outra sandice dos entrevistados: 6% deles afirmam que se preparariam em quatro anos para competir em uma prova de 100 metros rasos, no qual se destacou Usain Bolt antes de se aposentar. A ignorância é uma benção.

Treino e talento não bastam, é preciso obsessão. Você possui essas qualidades? Se tiver, você é exceção como LeBron, Rebeca Andrade ou Simone Biles. Quem foi selecionado para representar o Brasil nas Olimpíadas cai no choro só de ter sido chamado e vai embora feliz da vida mesmo tendo ficado na última colocação de alguma fase de modalidade. Quem se preparou a vida inteira e enfrentou várias dificuldades desaba de choro quando abocanha alguma medalha. Só quem é predestinado alcança o olimpo e se junta com os ídolos do esporte.

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