quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Colunas

SEXTA-FEIRA 13: DIA AMALDIÇOADO OU APENAS SUPERSTIÇÃO?

POR Cairo Santos | 13/12/2024
SEXTA-FEIRA 13: DIA AMALDIÇOADO OU APENAS SUPERSTIÇÃO?

Foto: Divulgação

&

É sexta-feira 13, o dia mais amaldiçoado do calendário, supostamente quando tudo pode dar errado. Mas de onde surgiu a ideia de que coisas ruins acontecem nesta data, que acontece entre uma e três vezes ao ano? Hoje é a última sexta-feira 13 do ano, vamos refletir um pouquinho sobre a data?

 

A sexta-feira e o número 13 já eram associados ao azar por si só. Porque sexta-feira foi o dia da crucificação (de Jesus Cristo), as sextas-feiras sempre foram vistas como um dia de penitência e abstinência. "A crença religiosa virou uma aversão generalizada a começar algo ou fazer qualquer coisa importante em uma sexta-feira”.

 

Até que esses dois elementos – a sexta-feira e o número 13 – que já causavam receio isoladamente, acabaram se unindo em um momento da história. Mas, por ironia do destino, um grupo que surgiu para ridicularizar superstições acabou consagrando a data. Vamos lá.

 

Em 1907, um livro chamado "Sexta-feira 13" foi publicado pelo corretor de ações Thomas Lawson – essa foi à inspiração para a mitologia em torno da data, culminando na franquia de filmes homônima nos anos 1980.

 

O livro conta a história sombria de um corretor de Wall Street que manipula o valor de ações para se vingar de seus inimigos, deixando-os na miséria.

 

Para isso, ele tira proveito da tensão natural causada pela data no mercado financeiro. "Cada homem na bolsa de valores está de olho nessa data. Sexta-feira, 13, quebraria o melhor pregão em andamento", diz um dos personagens.

 

Como se vê, em 1907, a sexta-feira 13 já era uma superstição socialmente estabelecida. Mas não era assim 25 anos antes.

 

O Clube dos Treze, um grupo de homens determinados a desafiar superstições, se reuniu pela primeira vez em 13 de setembro de 1881 (uma quarta-feira) – mas só seria fundado oficialmente em 13 de janeiro de 1882.

 

Os relatórios anuais do clube mostravam meticulosamente quantos de seus membros tinham morrido, e quantas destas mortes haviam ocorrido dentro do prazo de um ano após um membro comparecer a um de seus jantares.

 

O grupo foi fundado pelo capitão William Fowler em seu restaurante, o Knickerbocker Cottage, na Sexta Avenida de Manhattan, em Nova York. Ele era considerado um "bom companheiro de grande coração, simples e caridoso".

 

Como mestre de cerimônias, ele "sempre entrava no salão de banquetes à frente do grupo, vistoso e sem medo", segundo Daniel Wolff, "chefe de regras" do clube.

 

O jornal "The New York Times" informou na época que, na primeira reunião, o 13º convidado estava atrasado, e Fowler ordenou que um dos garçons assumisse seu lugar: "O garçom estava sendo empurrado escada acima quando o convidado que faltava chegou".

 

O primeiro alvo do grupo foi à superstição de que, se 13 pessoas jantassem juntas, uma delas morreria em breve. Mas uma segunda superstição veio logo a seguir.

 

Mas não há qualquer sinal da superstição da sexta-feira 13 nas atividades do clube. Ela surgiu em algum momento entre a fundação do clube, em 1882, e a publicação do livro de Lawson de 1907.

 

Seria isso por culpa do próprio clube?

 

O grupo aproveitava todas as oportunidades que apareciam para juntar as duas superstições e ridicularizá-las, segundo reportagem do jornal Los Angeles Herald de 1895: "Nos últimos 13 anos, quando a sexta-feira caiu no dia 13, esta peculiar organização fez reuniões especiais para se deleitar".

 

 “A doutrina do Clube dos Treze era de que superstições deveriam ser combatidas e eliminadas, como as que afirmavam que 13 trariam azar e que a sexta-feira seria um dia azarado”.

 

Mas tudo indica que, em vez disso, eles tiveram o grande azar de acabar lançando uma das superstições mais conhecidas e persistentes do mundo ocidental. Eu não sou supersticioso, mas evito na sexta-feira 13 passar debaixo de escadas e ao encontrar um gato preto prefiro dar a volta. E você é supersticioso?

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

COMPARTILHE: