sábado, 08 de março de 2025
Foto: Freepik
É claro que todos nos tomamos alguns tipos de medicamento para curar alguma doença, certo? A questão é que existem pessoas que exageram no uso e o que era para curar pode matar.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alerta sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) do Ministério da Saúde apontam que, entre 2020 e 2024, o número de casos de intoxicação por medicamentos em Goiás teve um salto de 70%. Os números evidenciam um aumento crescente dos casos, ano a ano. Foram 2.625 registros em 2020, 3.189 em 2021, 3.831 em 2022, 4.449 em 2023 e 4.474 em 2024.
O alerta da SES-GO é em alusão ao 20 de fevereiro, data que no Brasil marca o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo. Entre todos os casos de intoxicação registrados no estado nos últimos cinco anos, aqueles referentes ao uso indevido de medicamentos ocupam a segunda colocação, com um total de 18.568 registros nesse período e ficando atrás apenas dos casos que envolvem acidentes com animais peçonhentos (50.693).
No ranking, a intoxicação por drogas de abuso (maconha, crack, ecstasy, cocaína, etc.) aparece na terceira posição, com 3.142 casos verificados entre 2020 e 2024. Nesse período, foram registradas no estado também 2.604 mortes por comportamentos causados pelo uso de substâncias psicoativas (dependência química) e intoxicação (acidental e intencional por medicamentos e drogas ilícitas). Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
As intoxicações acidentais, muitas vezes, ocorrem devido ao uso inadequado de medicamentos, como a ingestão de doses excessivas, a confusão entre medicamentos ou o uso de substâncias por crianças que não têm consciência do risco. Para o coordenador de Políticas Sobre Álcool e Drogas da SES-GO, Paulo Henrique Costa, o aumento dos casos de intoxicação por medicamentos no estado tem também relação com o adoecimento mental da população.
Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária e Ambiental da SES-GO, Eliane Rodrigues, o aumento dos casos de intoxicação por medicamento se deve, principalmente, à facilidade para aquisição, por se tratar de drogas lícitas. Entretanto, a Vigilância Sanitária realiza o trabalho de fiscalização, por meio da rastreabilidade da prescrição dos fármacos. De acordo com Eliane, os médicos precisam de autorização para prescrever os medicamentos e por isso, possuem cadastro na vigilância.
Para garantir uma melhor fiscalização, que hoje é feita de maneira conjunta entre as vigilâncias municipais e estadual com o Sinavisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou, em julho do ano passado, o Sistema Nacional de Controle de Receituários (SNCR). A plataforma cria um banco único nacional para numeração de receitas de medicamentos controlados. Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária, o sistema passará a ser obrigatório a partir do meio do ano.
Caso você ou alguém próximo seja intoxicado por medicamento procure de imediato o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Estado de Goiás (CIATox) que permanece em regime de plantão 24 horas, com o Disque Intoxicação (0800 646 4350), que repassa aos profissionais de saúde e ao público em geral orientações sobre intoxicações, envenenamentos e acidentes com animais peçonhentos. De acordo com a médica do CIATox, Soraya Gusmão, acionar o Centro deve ser uma das primeiras ações adotadas em casos de intoxicação por medicamentos.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.