quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Colunas

PESQUISA EXPÕE FRAGILIDADE DA LEI DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES

POR Cairo Santos | 25/11/2024
PESQUISA EXPÕE FRAGILIDADE DA LEI DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES

Imagem: freepik

C

Cada dia mais atual e com maior necessidade da comunidade continuar a debater o tema, pesquisa divulgada no dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher confirma o que todos já sabem: as leis atuais são incapazes de proteger a mulher da violência provocada por parceiro/namorado ou ex.

 

Duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte pelo parceiro/namorado ou ex, de acordo com pesquisa do Instituto Patrícia Galvão divulgada nesta segunda-feira (25), Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher.

 

A pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio", feita em parceria com o Instituto Consulting Brasil e apoio do Ministério das Mulheres, entrevistou 1.353 mulheres com mais de 18 anos entre os dias 23 e 30 de outubro.

 

Dentre esses 21%, 18% afirmaram que já foram ameaçadas de morte por algum parceiro, e 3% já sofreram ameaças de mais de um namorado.

 

Quando se faz o recorte pela raça, as mulheres pretas foram as que mais sofreram: 25%, seguidas pelas pardas, 19%, e por último as brancas, 16%. E, mesmo para as mulheres que não enfrentaram o risco de serem vítimas de um feminicídio, esse tipo de violência está por perto: 6 em cada 10 brasileiras conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro ou namorado.

 

A dependência econômica do agressor foi apontada como o principal motivo para as mulheres que sofrem constantes agressões do marido/parceiro/namorado não conseguirem sair da relação violenta (64%), seguida pela crença de que o homem vai se arrepender e vai mudar (61%).

 

O medo de ser morta caso termine a relação foi apresentado como motivo por 59% das entrevistadas. 

 

Em média, o medo está presente em 46% das razões apontadas para a manutenção das mulheres nas relações violentas - 44% mas mulheres brancas, e 49% nas mulheres negras).

 

Cerca de 9 em cada 10 mulheres acreditam que os casos de feminicídio acontecem por motivo de ciúmes e possessividade dos parceiros/namorados que se acham donos das mulheres.

 

A cultura machista é apontada por 44% como motivo para o feminicídio íntimo.

 

Para 9 em cada 10 entrevistadas, todo feminicídio pode ser evitado se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Mas a ampla maioria das entrevistadas considera que de nada vale a mulher ter uma medida protetiva se o agressor não respeita essa ordem e nem a polícia garante sua segurança.

 

Pouco mais de 2 em cada 3 mulheres acham que nada acontece com homens que cometem violência doméstica. Apenas 20% das entrevistadas acreditam que homens que cometem violência são presos.

 

8 em cada 10 mulheres acreditam que aumentar a pena para o crime de violência doméstica contra a mulher pode contribuir para evitar mais casos de feminicídio. Ao mesmo tempo, 9 em cada 10 mulheres concordam que evitar o assassinato da mulher é mais importante do que punir o assassino.

 

A ampla maioria das entrevistadas concorda que se as mulheres ameaçadas de morte contassem com o apoio do Estado se sentiriam mais seguras para denunciar: 75% das mulheres brancas acreditam na importância do apoio do Estado (polícia, justiça) x 82% das mulheres pretas (considerando a quantidade de respondentes em cada grupo).

 

Porém, 8 em cada 10 entrevistadas concordam que a polícia não leva a sério uma denúncia de ameaça e nem o risco que a mulher corre. Da mesma forma, 8 em cada 10 entrevistadas consideram que a Justiça brasileira não dá a devida importância para a violência contra as mulheres. Vamos aproveitar a data simbólica de hoje para refletirmos um pouco mais sobre o tema e quem sabe ajudar as autoridades a encontrar uma solução que possa dar a proteção que as mulheres precisam.

COMPARTILHE: