sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Após o programa Papo Líder, que apresento na Rádio Líder de Rio Verde, desta sexta-feira, que conta às sextas-feiras com os comentários do advogado Edis Divino, resolvi escrever esta coluna baseada em uma crítica feita aos eleitores brasileiros por ele.
É curioso — e profundamente preocupante — observar como o Brasil se tornou palco de um teatro político onde o público vaia os atores, mas insiste em mantê-los no elenco. A cada escândalo, a cada projeto de lei que fere o interesse público, surgem protestos inflamados, hashtags indignadas e discursos de revolta. Mas quando chega o momento de exercer o poder mais transformador da democracia — o voto — muitos brasileiros parecem sofrer de uma espécie de amnésia cívica.
Esse fenômeno revela um tipo de analfabetismo político que não se mede pela capacidade de ler ou escrever, mas pela incapacidade de compreender o papel do cidadão na engrenagem democrática. Critica-se o parlamentar, denuncia-se a corrupção, exige-se mudança. E então, nas urnas, repete-se o mesmo nome, o mesmo sobrenome, o mesmo projeto de poder que já se mostrou falho.
Há quem diga que é falta de opção. Mas será mesmo? Ou é comodismo travestido de tradição? Medo da mudança disfarçado de “voto consciente”? A verdade é que muitos eleitores não conhecem sequer o histórico de votações de seus candidatos, não acompanham suas atuações, não sabem quais interesses eles representam. E assim, perpetuam um ciclo vicioso onde a indignação é performática e o voto é cúmplice.
A democracia exige mais do que presença nas ruas. Exige memória, exige estudo, exige coragem para romper com o conhecido e apostar no novo — mesmo que isso signifique errar, desde que se tente acertar. Porque votar nos mesmos esperando resultados diferentes é mais do que ingenuidade. É sabotagem.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.