segunda-feira, 08 de dezembro de 2025

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O FEMINICÍDIO NO BRASIL: UMA EPIDEMIA SILENCIOSA QUE CLAMA POR AÇÃO

POR Cairo Santos | 08/12/2025
O FEMINICÍDIO NO BRASIL: UMA EPIDEMIA SILENCIOSA QUE CLAMA POR AÇÃO

Foto: Agência Brasil

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Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante no número de feminicídios, crimes que revelam a face mais brutal da violência de gênero. Dados recentes apontam que, em muitos estados, as taxas de feminicídio superaram índices já alarmantes, transformando o país em um dos mais perigosos do mundo para mulheres. Essa realidade não pode ser ignorada e exige uma análise crítica e profunda, que transcenda o mero levantamento estatístico e busque entender as raízes socioculturais desse fenômeno.

 

No último domingo, 07, mulheres do Brasil inteiro se uniram para denunciar essa situação que só se agrava no País, em manifestações espalhadas pelo Brasil afora. É inegável que o feminicídio é, em sua essência, um crime de ódio que reflete a desigualdade de gênero enraizada na sociedade brasileira. Essa desigualdade é alimentada por uma cultura machista que desumaniza a mulher, perpetuando a ideia de que ela é propriedade do homem. A misoginia está presente nas relações cotidianas, seja por meio de piadas, comentários depreciativos ou pela normalização da violência como forma de controle.

 

O aumento do feminicídio é, portanto, um sintoma de uma doença social que se nega a ser tratada. Além disso, a falta de políticas públicas efetivas e a impunidade são fatores que agravam essa situação. Embora existam leis que buscam proteger as mulheres, como a Lei Maria da Penha, a implementação e o funcionamento desse aparato legal ainda deixam a desejar. Muitas mulheres, ao denunciarem abusos, se deparam com um sistema que não lhes oferece proteção adequada, levando-as a optar pelo silêncio. A lentidão da Justiça e a ausência de um suporte psicossocial eficaz são barreiras que precisam ser derrubadas urgentemente. Outro aspecto que merece atenção é o papel da mídia na construção de narrativas em torno da violência de gênero.

 

Muitas vezes, os casos de feminicídio são tratados de forma sensacionalista, focando mais no crime em si do que nas causas e consequências desse tipo de violência. Essa abordagem não apenas desumaniza as vítimas, mas também desvia a atenção da necessidade urgente de uma educação que promova a igualdade de gênero e o respeito. A questão dos feminicídios também está interligada a outras formas de violência que afetam as mulheres, como a violência sexual e a violência doméstica. Movimentos feministas e organizações civis têm papel central em manter o tema na agenda pública e pressionar por mudanças. Que as manifestações do final de semana não se restrinjam apenas a esse final de semana.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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