quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Foto: Camara dos Deputados
Na madrugada de hoje, 11, o plenário da Câmara dos Deputados impediu a cassação dos deputados Carla Zambelli (PL), presa na Itália e condenada pela justiça brasileira a 10 anos de prisão e Glauber Braga (PSOL) condenado por agredir um membro do MBL e outro deputado em 2024.
No Brasil, o Congresso Nacional tem se tornado palco de um fenômeno recorrente e corrosivo: o corporativismo que impede a cassação de parlamentares flagrados em práticas criminosas. A cada novo escândalo, repete-se o mesmo roteiro: denúncias graves, provas consistentes, clamor popular por punição — e, ao final, a blindagem oferecida pelos próprios colegas de plenário.
Esse mecanismo de autoproteção não é apenas um desvio ético; é uma afronta direta ao princípio republicano de que ninguém está acima da lei. Quando deputados se unem para salvar seus pares, não estão defendendo a democracia, mas sim um pacto de impunidade que mina a credibilidade das instituições. O resultado é devastador: a sociedade assiste descrente, ao espetáculo da absolvição política, enquanto a justiça comum permanece refém da lentidão e das manobras processuais.
O corporativismo parlamentar cria uma espécie de “casta política” blindada contra sanções. A lógica é simples: hoje se protege um colega, amanhã se espera ser protegido. Esse círculo vicioso perpetua a sensação de que o mandato é um salvo-conduto para práticas ilícitas, e não uma responsabilidade pública. A consequência é o distanciamento crescente entre representantes e representados, alimentando o descrédito generalizado na política.
Romper esse ciclo exige coragem institucional. É preciso que o Congresso abandone a lógica da autopreservação e assuma o papel que lhe cabe: ser guardião da ética pública. Enquanto preval__ecer a solidariedade corporativa sobre o compromisso com a sociedade, o Parlamento continuará sendo visto não como casa do povo, mas como abrigo de privilégios.
Dois outros deputados ainda serão julgados pelos seus pares, Eduardo Bolsonaro (PL) e Alexandre Ramagem (PL), fora do Brasil há meses, sem exercer seus mandatos, mas custando aos cofres públicos, ou seja, pagos por todos nós, mais de R$ 419 mil reais mensais. Só pra lembrar, inclusive aos parlamentares, que a Constituição Brasileira determina de forma automática a perda do mandado ao parlamentar que faltar, sem justificativa, a mais de 1/3 das sessões ou for alvo de condenação criminal definitiva. Durma com um barulho desse.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.