quinta-feira, 09 de outubro de 2025
Foto: Freepik
O recente aumento no consumo de álcool entre adolescentes brasileiros acende um alerta que não pode ser ignorado. Em um país onde a maioridade legal para beber é 18 anos, o acesso precoce à bebida revela não apenas falhas na fiscalização, mas também uma permissividade cultural que normaliza o álcool como parte do cotidiano juvenil.
Pesquisa recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostrou que 5,7% dos jovens brasileiros enfrentam transtornos relacionados ao uso de álcool — número que havia caído para 4,6% em 2012, mas voltou a crescer em 2023.
O estudo também revelou que 56% dos brasileiros experimentaram bebida alcoólica antes dos 18 anos, e 25% começaram a consumir regularmente ainda na adolescência.
A boa notícia é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta quarta-feira (8) uma lei que aumenta as punições para quem vender servir ou entregar bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já previa detenção de 2 a 4 anos para esse tipo de crime. Agora, com a nova lei, o juiz poderá ampliar a pena de um terço até a metade caso o menor de 18 anos consuma efetivamente a bebida.
Não é raro ver jovens em festas, bares ou até mesmo em casa, brindando com cerveja como se fosse refrigerante. A bebida, muitas vezes apresentada como símbolo de diversão e pertencimento, mascara riscos sérios: prejuízos ao desenvolvimento cerebral, aumento da vulnerabilidade a acidentes, violência e dependência química.
Mais preocupante ainda é o papel da publicidade e das redes sociais, que romantizam o consumo e associam o álcool à liberdade, sucesso e popularidade. Onde estão os limites? Onde está o debate público sobre o impacto disso na formação de nossos adolescentes?
A responsabilidade é coletiva. Famílias, escolas, autoridades e a sociedade como um todo precisam enfrentar esse problema com coragem. Não basta proibir — é preciso educar, dialogar e oferecer alternativas saudáveis de lazer e expressão.
O brinde da juventude não pode ser à negligência. Que seja à consciência, à saúde e ao futuro.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.