quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Foto: Reprodução
Jovens adoram novidades e às vezes o exagero é comum nessas novidades. Na minha época de adolescente o máximo era sair em turma, tocar campainha de residências, correr, esconder pra ver a cara de surpresa do morador ao não deparar com ninguém. Hoje o máximo é furtar lojas.
No Código Penal brasileiro, furto é um crime que pode resultar em pena de reclusão de um a quatro anos. Já na internet, o delito virou uma trend muito problemática em que jovens, além de furtarem, ainda compartilham objetos e peças que adquiriram de forma ilegal. Eles ostentam as aquisições roubadas, além de trocarem dicas sobre como pegar as coisas discretamente e como despistar os seguranças.
Os crimes são realizados, geralmente, em supermercados, perfumarias, farmácias e lojas de departamentos. E os produtos de skincare e maquiagens são os itens mais buscados pelos furtadores. Um vídeo recente, que circula em redes sociais, mostra o movimento das ‘clepto girls’, como têm sido chamadas as garotas que fazem furtos recorrentes e depois mostram os produtinhos nas redes sociais. O conteúdo viralizou e virou pauta em jornais e na internet.
Em um dos posts, uma garota expõe os produtinhos de skincare, maquiagem e cabelo que ela furtou, com a legenda “dei a vida por essa que juro foi tão rápido e super tranquilo”. Segundo ela, o valor total furtado ultrapassou R0. “É a banalização de um crime que parece que vai dando coragem para outras pessoas fazerem também”, ressalta especialistas sobre como os posts mostram a impunidade.
Nos comentários, muitos usuários chamam atenção para o fato de que a maioria das postagens são feitas por garotas brancas e novas. “Pra mim, essa é a prova mais escancarada de privilégio social, eu que não sou branco, não consigo entrar numa loja sem ficar um funcionário me espiando, eu fico morrendo de medo de ter um ‘engano’ e eu me ferrar”, desabafou um usuário.
Esse tipo de comportamento problemático dos jovens está sendo chamado de cleptomania. Mas é preciso ter cuidado com o termo. O psiquiatra forense Guido Palomba alerta que a associação é completamente equivocada, já que “a cleptomania é um transtorno mental sério e que envolve uma perda de controle sobre os impulsos, levando o indivíduo a sentir um desejo intenso de furtar objetos, mesmo que isso cause sofrimento”.
“As pessoas com cleptomania têm consciência de que o furto é errado, mas lutam contra esses pensamentos e, em um determinado momento, acabam cedendo”, explica Palomba. E aí, já tinha escutado falar sobre essa trend polêmica?
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.