segunda-feira, 15 de setembro de 2025

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INVISIBILIDADE EM MOVIMENTO: O DESAFIO DA OBESIDADE NO TRANSPORTE PÚBLICO

POR Cairo Santos | 15/09/2025
INVISIBILIDADE EM MOVIMENTO: O DESAFIO DA OBESIDADE NO TRANSPORTE PÚBLICO

Foto: Freepik

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No Brasil, milhões de pessoas enfrentam diariamente o caos do transporte público. Mas para quem vive com obesidade, essa jornada vai além do desconforto: é uma travessia marcada por exclusão, constrangimento e negligência.

 

Apesar de leis como o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que reconhece pessoas obesas como indivíduos com mobilidade reduzida, a realidade nas ruas e ônibus está longe de refletir essa proteção legal. Catracas estreitas, assentos pequenos e a ausência de espaços adequados tornam o simples ato de embarcar num ônibus um obstáculo físico e emocional.

 

Rosilda, personagem de uma reportagem emblemática, relata ter ficado presa na catraca de um ônibus e ignorada pelos passageiros mesmo diante dos assentos preferenciais. Sua experiência não é exceção — é rotina para muitos. A falta de empatia e o julgamento silencioso (ou explícito) da sociedade agravam ainda mais o sentimento de exclusão.

 

Além das barreiras físicas, há um muro invisível: o preconceito. O olhar de reprovação, o silêncio que nega ajuda o motorista que não para no ponto. Tudo isso constrói um ambiente hostil, onde o direito de ir e vir são condicionados ao tamanho do corpo.

 

É urgente repensar a infraestrutura dos transportes coletivos. Assentos mais largos e resistentes, catracas acessíveis e campanhas de conscientização são passos básicos para garantir dignidade. A norma técnica NBR 9050 já estabelece critérios para assentos especiais, mas sua aplicação ainda é tímida.

 

A acessibilidade não é um favor — é um direito. E enquanto o transporte público continuar ignorando corpos diversos, estaremos perpetuando uma exclusão que não cabe mais em uma sociedade que se diz inclusiva.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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