sábado, 23 de agosto de 2025
Imagem: Freepik
Em um mundo onde likes valem mais que brincadeiras e filtros substituem a espontaneidade, cresce um fenômeno preocupante: a adultização precoce de crianças e adolescentes nas redes sociais. O que antes era espaço para expressão e conexão virou palco de performances adultas, onde corpos, comportamentos e discursos são moldados para agradar algoritmos — e não para respeitar fases da vida.
A adultização não é apenas sobre roupas ou maquiagem. É sobre a perda da infância como território de descobertas livres de pressões estéticas e sexuais. Meninas de 10 anos reproduzindo coreografias sensuais, meninos de 12 exibindo ostentação como símbolo de sucesso. Tudo isso sob o olhar cúmplice — e muitas vezes indiferente — de uma sociedade que consome, compartilha e monetiza essa exposição.
As plataformas digitais, com seus mecanismos de engajamento, incentivam conteúdos que geram cliques, mesmo que isso signifique atravessar limites éticos. Influenciadores mirins são tratados como mini celebridades, com contratos, agendas e responsabilidades que não condizem com sua idade. A infância vira produto, e o desenvolvimento emocional é atropelado por métricas de desempenho.
Pais, educadores, empresas de tecnologia e a sociedade como um todo precisam repensar o que estamos permitindo — e promovendo. A proteção da infância não é censura, é cuidado. É garantir que crianças possam crescer sem serem pressionadas a se encaixar em padrões adultos que não compreendem e que podem gerar impactos psicológicos duradouros.
A pergunta que fica é: estamos dispostos a defender a infância ou vamos continuar assistindo, em silêncio, à sua erosão digital?
Esse não texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos