quinta-feira, 04 de setembro de 2025
Foto: Freepik
Em tempos de likes, views e seguidores, a infância tem sido cada vez mais transformada em conteúdo. Crianças aparecem em vídeos, fotos e desafios virais, muitas vezes sem compreender o alcance ou as implicações dessa exposição. O que antes era um álbum de família guardado na estante, hoje é uma vitrine pública acessível a milhões — e, em muitos casos, lucrativa.
Influenciadores mirins acumulam milhões de seguidores e geram receitas que ultrapassam o imaginável. Marcas disputam espaço em canais infantis, e pais se tornam gestores de carreiras digitais antes mesmo dos filhos aprenderem a escrever. Mas o que parece sucesso pode esconder dilemas éticos profundos: quem decide o que é compartilhado? Quem controla os ganhos? E, principalmente, quem protege o bem-estar da criança?
A exposição precoce pode trazer consequências sérias. Além do risco de exploração comercial, há o perigo da superexposição à crítica pública, da perda de privacidade e até da vulnerabilidade a crimes virtuais. Crianças não têm maturidade para lidar com a fama, com haters ou com a pressão por performance. E quando a câmera está sempre ligada, onde fica o direito ao anonimato, ao erro, à espontaneidade?
A França e outros países já discutem leis que regulam o trabalho infantil digital, exigindo transparência nos ganhos e proteção jurídica. No Brasil, o debate ainda engatinha, mas é urgente. A infância não pode ser tratada como ativo financeiro. É preciso garantir que o direito de crescer longe dos holofotes seja respeitado — mesmo que o palco seja virtual.
Pais e responsáveis têm papel central nesse cenário. Antes de postar, é preciso refletir: isso protege ou expõe? Isso respeita ou explora? A internet não esquece, e o que hoje parece inofensivo pode se tornar um peso no futuro da criança.
A infância deve ser vivida, não exibida. E o cuidado com ela é responsabilidade de todos nós. Pense nisso!