sábado, 23 de novembro de 2024
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sempre no inverno aumenta consideravelmente o número de pessoas internadas vitimas de infarto. A pergunta é: o que o frio tem a ver com o aumento nos casos de infarto?
De acordo com dados do Observatório de Saúde Cardiovascular do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), baseado em informações do Datasus, do Ministério da Saúde, que abrangem o período de 2008 a 2023, a estação do inverno propicia aumento de internações por infarto. Esse aumento alcança até 12%, no Brasil, em pessoas que apresentam fatores de risco. Ao nível mundial, o índice chega a 30%.
Alguns aspectos fisiopatológicos colaboram para o aumento de infartos nessa época do ano.
“Uma das situações é que o frio faz os vasos sanguíneos se contraírem em resposta ao frio. Com isso, em alguns casos, pode ter aumento da pressão arterial e isso acaba criando uma resistência ao bombeamento de sangue do coração, o que pode sobrecarregar um pouco o coração. É um dos mecanismos” afirmam especialistas.
Outro fator é o número de internações por infecções respiratórias que ocorrem no inverno.
“A infecção respiratória tem potencial de, nos pacientes que têm placa de gordura nas artérias coronárias, principal substrato para a ocorrência de infarto, instabilizar as placas e formar trombos”. O trombo impede a passagem do sangue no vaso e isso acontece com frequência significativa em pacientes com infecção respiratória no inverno.
Alguns sintomas podem alertar que a pessoa está tendo um infarto. “O sintoma clássico é a dor no peito prolongada, em geral, uma dor a que o paciente não está acostumado e que não passa com medicações usuais”.
Também podem ocorrer apresentações atípicas. Algumas vezes, o paciente pode ter apenas um desconforto, falta de ar, cansaço. “Se tiver sintomas diferentes do habitual, a pessoa deve procurar auxílio” Sem dúvida, o mais frequente é a dor no peito prolongada, que pode irradiar para o braço esquerdo.
A recomendação é procurar imediatamente o serviço médico. “Quanto mais tempo a pessoa que está enfartando demora para receber assistência, mais vai perdendo músculo cardíaco e o dano pode chegar à necrose, que é a morte celular.” O atendimento tem que ser rápido para a desobstrução da artéria, o que pode ser feito por meio de medicação ou do procedimento de angioplastia”.
O cardiologista Flavio Cure, responsável pelo serviço de Cardio-oncologia da Rede D’Or, afirma que as pessoas com maior propensão a doenças cardiovasculares, como cardiopatas, idosos e portadores de outras doenças crônicas, devem adotar medidas preventivas ao infarto no inverno.
“Quando está frio, para manter a temperatura, o organismo diminui o calibre dos vasos e libera adrenalina, então o coração trabalha mais”. Ele recomenda que as pessoas controlem a pressão, o peso, a glicose e o colesterol. “Devem tentar manter os fatores de risco sob controle.”
Outra coisa é que no frio, costuma-se beber menos água, o que faz o sangue ficar mais espesso. Daí, recomendou que se beba uma maior quantidade de líquidos nessa época do ano. O médico deixa claro que qualquer pessoa pode ter infarto, embora para quem tiver alteração na circulação do coração, a chance seja maior. “Muitas vezes, a pessoa nem sabe. Então, todo mundo deve se proteger do frio.”
O infarto é mais frequente nos homens do que nas mulheres. Nos homens, a ocorrência de infarto aumenta mais a partir dos 50 anos de idade e, na mulher, acima de 60 anos. Pode acontecer com jovens, mas é mais raro, porque a circulação do jovem é maior, desde que ele não tenha nenhuma doença de base. Observações importantes para que todos nos possamos ter um inverno mais saudável.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.