quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Colunas

É POSSÍVEL CHEGAR A UNIVERSIDADE SEM SER FLUENTE EM LEITURA?

POR Cairo Santos | 09/09/2024
É POSSÍVEL CHEGAR A UNIVERSIDADE SEM SER FLUENTE EM LEITURA?

Foto: Freepik

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A resposta é sim. Segundo professores universitários de Rio Verde ouvido pela coluna, a cada dia alunos deixam o ensino médio sem ser fluente em leitura. Mas saber ler e escrever não é o básico na alfabetização? E por que isso é preocupante? Os estudantes levam tanto tempo para chegar ao final de uma frase que esquecem o que estava escrito no comecinho da sentença. Resultado: não conseguem entender histórias, legendas de filmes ou placas de rua.

 

 

Depois da pandemia, com o uso ainda mais frequente de telas, houve uma piora sensível também na questão da concentração, os alunos “perdem o foco antes do fim da frase. Como que lerão um capítulo inteiro?” avalia um especialista.

 

 

Esses podem ser sinais de problemas na fluência leitora, que considera:

 

  • Velocidade (quantas palavras por minuto são lidas);

 

  • Precisão (a criança lê corretamente ou acaba confundindo as sílabas e lendo “lua”, em vez de “rua”?);

 

  • E entonação (ela faz um tom de pergunta quando tem interrogação? Não dar a “melodia” correta também atrapalha o entendimento).

 

 

Os três fatores, aliados ao vocabulário e ao repertório do aluno, são essenciais para a habilidade de interpretação de texto.

 

 

Nos exames oficiais, tanto brasileiros quanto internacionais, o Brasil vem registrando números preocupantes:

 

 

Em 2023, na estreia do país no Pirls (Progress in International Reading Literacy Study), 38% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental não dominavam as habilidades básicas de leitura. Só 13% foram classificados, segundo a avaliação, como proficientes. Na 39ª posição entre 43 países, o Brasil ficou atrás de nações pobres, como Azerbaijão e Uzbequistão.

 

 

Microdados divulgados em 2023 a partir de dados do Pisa (outro exame internacional) mostraram que, em 2018, o texto mais longo lido por 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos não passava nem de 10 páginas.

 

 

No Ideb 2023 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que considera conhecimentos de matemática e leitura, o país não bateu a meta que era prevista ainda para 2021 nem no 9º ano do fundamental, nem no 3º do ensino médio.

 

 

O problema é que nenhuma dessas avaliações consegue mostrar exatamente qual é o ponto mais crítico: os alunos demoram muito para decifrar as sílabas? Falta vocabulário? Por que não estão entendendo nem conteúdos simples? O fato das escolas evitar reprovar o aluno ou a pressão cada vez maior por melhores notas no IDEB pode responder essas questões? Com a palavra os especialistas.

 

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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