quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025

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DESAFIOS NO COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

POR Cairo Santos | 22/01/2025
DESAFIOS NO COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
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O número de denúncias de intolerância religiosa no Brasil aumentou 67% em 2024, de acordo com dados divulgados pelo governo federal nesta terça-feira (21). Foram registrados 2.472 casos no ano, comparados a 1.481 em 2023.

 

O crescimento acumulado entre 2021 e 2024 é de 323,29%, refletindo um cenário de aumento contínuo das violações relacionadas à liberdade de crença.

 

Os dados foram apresentados durante o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, data instituída pela Lei Federal nº 11.635/2007 em memória à Iyalorixá Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda de Ogum. A líder religiosa faleceu em 21 de janeiro de 2000, vítima de perseguições e difamações que culminaram em um infarto fulminante.

 

O levantamento destaca que as principais vítimas de intolerância religiosa em 2024 foram praticantes de Umbanda, com 151 denúncias, seguidos pelos adeptos do Candomblé, que somaram 117 registros.

 

Outras religiões também aparecem na lista, como a evangélica (88 denúncias), católica (53), espírita (36), afro-brasileiras (21), islamismo (6) e judaísmo (2). A maioria das vítimas registradas foram mulheres, totalizando 1.423, enquanto os homens representaram 826 casos.

 

A intolerância religiosa é um fenômeno que, infelizmente, persiste em diversas sociedades ao redor do mundo. Em um contexto marcado por conflitos históricos e por uma crescente polarização social, o respeito à diversidade de crenças se torna um verdadeiro desafio. Este problema é multifacetado e exige uma análise profunda das raízes culturais, sociais e políticas que o sustentam.

 

Um dos principais obstáculos no combate à intolerância religiosa é a desinformação. Muitas vezes, o desconhecimento acerca das práticas e crenças de outras religiões alimenta estereótipos e preconceitos. A educação, portanto, desempenha um papel crucial. Promover o diálogo inter-religioso nas escolas e em comunidades pode ajudar a desconstruir mitos e a fomentar o respeito mútuo.

 

Ademais, a tendência de alguns grupos em se fecharem em bolhas ideológicas contribui para a exacerbação da intolerância. Em um mundo cada vez mais conectado, observamos a formação de discursos de ódio que se espalham rapidamente nas redes sociais. A responsabilidade de cada cidadão em contrabalançar essas vozes e em promover um ambiente de respeito é fundamental. Combater a intolerância religiosa não é apenas tarefa de governos, mas uma missão coletiva que envolve todos os setores da sociedade.

 

Outro desafio significativo é a falta de políticas públicas efetivas que garantam a liberdade de crença e protejam os indivíduos de discriminações. Embora existam legislações que visam coibir a intolerância, a aplicação dessas normas muitas vezes é falha. O fortalecimento das instituições e a criação de mecanismos de denúncia acessíveis são passos essenciais para assegurar que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.

 

Por fim, é essencial lembrar que a intolerância religiosa não afeta apenas aqueles que praticam crenças minoritárias; ela impacta a sociedade como um todo, corroendo valores fundamentais de convivência pacífica e harmonia social. O fortalecimento da empatia, do respeito e da solidariedade é um caminho para a construção de um futuro onde a diversidade religiosa seja celebrada e não apenas tolerada.

 

Em suma, o combate à intolerância religiosa exige um esforço conjunto que abarca educação, diálogo, políticas públicas eficazes e um compromisso individual e coletivo em prol de um mundo mais justo e plural. É hora de nos unirmos na luta contra esse mal que ainda assola a nossa sociedade.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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