segunda-feira, 08 de julho de 2024

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CHANCE DE MULHER SE ELEGER NO BRASIL É TRÊS VEZES MENOR QUE A DE HOMEM

POR Cairo Santos | 05/07/2024
CHANCE DE MULHER SE ELEGER NO BRASIL É TRÊS VEZES MENOR QUE A DE HOMEM
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Dando uma olhada em sites que tratam de política encontrei uma pesquisa muito interessante que estudou a candidatura de mulheres no Brasil. Quando imaginamos que hoje está mais fácil a vida das mulheres na política, esta pesquisa traz dados interessantes. O Simpósio De Olho nas Urnas – candidatura de mulheres e monitoramento da igualdade de gênero nas eleições de 2024 ocorreu na tarde do último dia 04 de junho, no auditório da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG). No evento, promovido pelo Núcleo de Direitos Humanos da UFG, foram apresentados números da desigualdade de gênero existente na política nacional. Os dados apontam que, nas últimas eleições às Câmaras Municipais, em 2020, a probabilidade de uma mulher se candidatar e se eleger foi de 5,5%, quase três vezes menor que a de um homem (taxa de sucesso de 15,2%). 

 

 

O estudo foi empreendido por cerca de 30 pesquisadoras e pesquisadores – pertencentes à UFG e a instituições parceiras – do projeto de pesquisa De Olho nas Urnas. O objetivo é estabelecer uma comparação entre o cenário político para as mulheres nas eleições legislativas dos municípios, em 2020, àquele que ocorrerá em 2024. A pesquisa é capitaneada pela UFG, com coordenação geral da professora Angelita Lima e vice-coordenação do professor Dijaci Oliveira, e vinculada ao Núcleo de Direitos Humanos (NDH) da Universidade.

 

 

No Simpósio, além da taxa de sucesso eleitoral, foram detalhados outros números referentes à baixa representatividade de mulheres na política. Um deles é o Índice de Equilíbrio de Gênero (IEG), formulado pelas (os) estudiosas (os) a partir de uma adaptação de outro fator, atinente à desigualdade racial.  “Nós criamos o IEG com base em estudos anteriores sobre raça. Começamos um ranqueamento do ponto de vista dos Estados: observamos que a desigualdade de gênero é persistente em todos eles. Mesmo que haja um decréscimo, ela nunca é próxima de 0, o que denotaria um equilíbrio de gênero”, explicou o professor Pedro Mundim, coordenador da equipe de análise quantitativa do De Olho nas Urnas. O IEG varia de  -1 a 1: quanto mais próximo de -1, maior a dominância masculina em dada situação. O índice 0, que não ocorre no Brasil, significaria perfeita igualdade entre homens e mulheres nas Câmaras Legislativas das cidades.

 

 

Os valores positivos, próximos a +1, seriam referentes à dominância feminina, que também inexiste na política nacional. Os números foram estabelecidos considerando a proporção de mulheres de cada um dos Estados brasileiros. As pesquisadoras aferiram que o Sudeste é a região, em termos de gênero, mais desigual do Brasil: Rio de Janeiro e Espírito Santo lideram, com IEGs de -0,82, e -0,79%, respectivamente. As regiões mais igualitárias são Norte e Nordeste, com o Acre (IEG de – 0,58) e o Rio Grande do Norte (IEG de -0,58) empatados como estados menos desiguais. Conforme explicou Mundim, mesmo nos melhores casos, os valores ainda são negativos, expressando importante desigualdade. De 24 estados, Goiás aparece na 18º posição com IEG de -0,72 à frente apenas de Minas, Bahia, Pernambuco, Rondônia, Espirito Santo e Rio de Janeiro. Diante de tamanha desigualdade, ainda existem aqueles que são contrários à cota de gênero na política.

 

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