quinta-feira, 31 de julho de 2025
Foto: Canva
Depois de anos convivendo com o absurdo da fome em um país que produz alimento de sobra, o Brasil finalmente deixa o mapa da fome da ONU. É um alívio — e uma conquista coletiva. Mas também é um momento de cobrança: como deixamos que a fome voltasse? E o que estamos dispostos a fazer para que ela nunca mais nos assombre?
O recente resultado não é fruto do acaso. É o efeito direto da retomada de políticas de transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, compra pública de alimentos e reinstauração de conselhos como o Consea, que dão voz à sociedade civil. Essas ações provam que combater a fome não exige milagre, exige prioridade política.
O combate à fome precisa deixar de ser episódico e virar política de Estado. Sair do mapa é ótimo, mas nos manter longe dele exige comprometimento com a redução das desigualdades, com a valorização do campo e com a escuta dos mais vulneráveis.
Se há algo que esse feito nos ensina, é que a fome não resiste quando enfrentada com coragem, empatia e ação coordenada. Que isso se torne parte do nosso DNA político — não apenas uma notícia passageira.
Sair do mapa é motivo de orgulho, mas não de acomodação. A fome é uma ameaça que pode voltar — e a vigilância precisa ser constante. A permanência fora desse ranking deve ser sustentada por políticas duradouras, combate às desigualdades e compromisso ético com os mais vulneráveis.
Nos últimos três anos, a fome foi uma realidade para menos de 2,5% da população brasileira – percentual que tirou o Brasil do Mapa da Fome. Os dados são da FAO, a agência da ONU especializada em Alimentação e Agricultura. Mesmo fora deste mapa, o país ainda tem 35 milhões de brasileiros com dificuldade para se alimentar, situação chamada de insegurança alimentar.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.