sexta-feira, 31 de outubro de 2025

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A TRAGÉDIA DA VIOLÊNCIA POLICIAL NO RIO DE JANEIRO: UM CICLO QUE PRECISA TERMINAR

POR Cairo Santos | 31/10/2025
A TRAGÉDIA DA VIOLÊNCIA POLICIAL NO RIO DE JANEIRO: UM CICLO QUE PRECISA TERMINAR

Foto: Bruno Itan

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Nos últimos dias, o Rio de Janeiro foi novamente palco de uma operação policial que resultou em várias mortes, reacendendo o debate sobre a eficácia e a moralidade das ações da polícia nas comunidades cariocas. A imagem de um Estado que se utiliza da força letal como resposta a problemas sociais complexos é, no mínimo, perturbadora. O que se vê é uma repetição de um ciclo vicioso que perpetua a violência, ao invés de combatê-la. É inegável que a segurança pública é um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade fluminense.

 

 

No entanto, a resposta não pode ser a militarização do policiamento e o uso indiscriminado da força. As operações com alto número de mortes são, na maioria das vezes, direcionadas a comunidades onde a presença do Estado é ausente ou insuficiente. Isso revela não apenas uma falha na política de segurança, mas também uma grave violação dos direitos humanos. As famílias das vítimas se tornam estatísticas em uma guerra que parece não ter fim. Cada vida perdida é um grito de socorro que ecoa em um sistema que insiste em tratar o problema da criminalidade como uma questão puramente policial.

 

 

A abordagem baseada na repressão ignora as raízes sociais da violência: desigualdade falta de educação e oportunidades, e a marginalização de segmentos inteiros da população. É preciso que a sociedade civil reaja a essa lógica perversa e reivindique uma mudança de paradigma. O investimento em políticas públicas de prevenção, a promoção de um policiamento comunitário que valorize o diálogo e a construção de uma relação de confiança entre a polícia e a população são caminhos possíveis e necessários. Além disso, questionar a legalidade e a ética das operações que resultam em múltiplas mortes é fundamental.

 

O que caracteriza uma abordagem eficaz e justa é a capacidade de resolver conflitos sem recorrer à violência extrema. A responsabilização dos agentes de segurança, quando se excedem em suas funções, deve ser uma prioridade, assim como a formação de policiais com foco em direitos humanos. A dor das famílias enlutadas e a ineficácia das políticas de segurança nos levam a uma reflexão urgente: como queremos que nossa sociedade se projete para o futuro?

 

Um futuro onde a vida humana é valorizada ou onde o medo e a violência continuam a ditar as regras? A verdade é que os mortos são os “pés de chinelo” do tráfico visto que os verdadeiros chefões não moram na favela, vive em condomínios de luxo aonde a operação policial não chega. Pense nisso.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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