sábado, 31 de maio de 2025
Foto: Camara dos Deputados
Nos últimos anos, temos assistido a um espetáculo lamentável no cenário político brasileiro, principalmente em anos eleitorais: a utilização indiscriminada de comissões provisórias como instrumento para atender interesses pessoais e de grupos específicos. Essas ferramentas, que deveriam ser utilizadas para promover mudanças e aprimoramentos na legislação, estão se tornando, na verdade, moeda de troca e manobras estratégicas de mandatários em busca de benefícios particulares. As comissões provisórias, que permitem a criação de leis de forma rápida e emergencial, foram concebidas para atender a situações urgentes e inadiáveis. Contudo, sua utilização excessiva e muitas vezes irresponsável tem gerado um verdadeiro caos legislativo.
É inegável que, em vez de servirem ao interesse público, essas comissões têm se transformado em balcões de negócios, onde o que preval_ece são os interesses de quem está no poder. Esse cenário é particularmente preocupante quando consideramos o impacto que essas decisões podem ter na vida do cidadão comum. A rapidez com que algumas comissões são criadas e implementadas frequentemente deixa de lado um debate mais aprofundado e uma análise crítica das reais consequências das medidas propostas. Em muitos casos, o que vemos é a implementação de políticas que beneficiam apenas uma fração da população, em detrimento do bem-estar coletivo. Além disso, a falta de transparência nas negociações e a ausência de critérios claros para a formação dessas comissões contribuem para um quadro de desconfiança e cinismo por parte da sociedade.
O eleitor, que deveria ser o principal beneficiário das políticas públicas, muitas vezes se vê à mercê de decisões tomadas nas sombras, longe dos holofotes da opinião pública. A responsabilidade de transformar essa realidade não recai apenas sobre os ombros dos políticos, mas também sobre nós, cidadãos. É fundamental que a população se informe, participe e cobre transparência e ética nas ações de seus representantes. A farra das comissões provisórias não pode se tornar a norma. É hora de resgatar a função original dessas ferramentas legislativas e garantir que elas sirvam, de fato, ao interesse público, e não a interesses particulares. O Brasil merece uma política mais justa, transparente e comprometida com o bem-estar de todos.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (28), que a duração para as comissões provisórias partidários será de quatro anos. A decisão unânime ainda aponta que, após o período, serão substituídos por órgãos permanentes. O não cumprimento da medida pode ensejar a suspensão do repasse de Fundo Partidário e Eleitoral dos respectivos partidos.
Na prática, a Corte trouxe entendimento para trecho do art. 17 da Constituição Federal que versa sobre a "duração de seus órgãos provisórios". Conforme o plenário, os efeitos da decisão passam a valer a partir da data de publicação.
A ação foi ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que argumentou que a autonomia na definição da duração dos diretórios temporários enfraquece a democracia e a alternância de poder interno nas direções partidárias. O entendimento do relator da matéria, ministro Luiz Fux, foi ao encontro da interpretação do Ministério Público.