Enquanto o Brasil debate grandes reformas e projetos bilionários, uma crise silenciosa continua a afetar milhões de famílias: a escassez de vagas em creches públicas. O problema não é novo, mas permanece negligenciado, apesar de seu impacto direto na educação, na economia e na igualdade de gênero.

Segundo dados recentes, mais de 2 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão fora da creche, mesmo com a Constituição garantindo o direito à educação infantil. A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de atender 50% das crianças nessa faixa etária até 2024 está longe de ser cumprida. Em muitas cidades, há listas de espera que se arrastam por anos, e mães que precisam escolher entre trabalhar ou cuidar dos filhos sem apoio institucional.

A ausência de creches afeta diretamente a participação feminina no mercado de trabalho. Sem alternativas seguras para deixar os filhos, muitas mulheres são forçadas a abandonar seus empregos ou aceitar subempregos com horários flexíveis. Isso perpetua ciclos de pobreza e desigualdade, especialmente entre famílias de baixa renda.

Além disso, estudos mostram que o acesso à educação infantil de qualidade é um dos fatores mais determinantes para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Negar esse direito é comprometer o futuro de uma geração inteira.

Apesar de alguns avanços pontuais, como programas de construção de creches e parcerias com instituições privadas, a política pública ainda é tímida e fragmentada. Falta planejamento, financiamento adequado e, sobretudo, vontade política. A educação infantil deveria ser tratada como prioridade estratégica, não como um favor assistencialista.

É hora de transformar a pauta das creches em uma bandeira nacional. Governos precisam investir com urgência, e a sociedade civil deve cobrar com força. Garantir vagas em creches não é apenas uma questão de infraestrutura — é uma questão de justiça social, de desenvolvimento humano e de respeito às famílias brasileiras.

O estudo da organização Todos Pela Educação, que utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) e do Censo Escolar, ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo o período entre 2016 e 2024, revelou que aproximadamente 2,3 milhões de crianças com até 3 anos no Brasil não têm acesso a creches.

Conforme o levantamento, a taxa de atendimento em creches para essa faixa etária é de apenas 41,2%.

Rio Verde em Goiás é exceção, não faltamvagas, todas as crianças que precisam de creches estão matriculadas segundo informações da Secretaria Municipal da Educação.