sábado, 12 de julho de 2025
A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acendeu um sinal de alerta no setor agropecuário de Goiás. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) reagiu com preocupação à medida, destacando que ela pode gerar impactos diretos nas exportações e encarecer insumos essenciais para a produção no campo.
“Essa nova taxação traz reflexos diretos às exportações do agronegócio nacional e goiano. Consequentemente, trará aumentos nos custos de insumos importados e impactará na competitividade das nossas exportações”, afirmou o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
Exportações ameaçadas
De acordo com a Faeg, os setores mais expostos a prejuízos imediatos são o da carne bovina e o do açúcar de cana. Em 2024, a carne respondeu por 61,8% de todas as exportações goianas para os EUA, enquanto o açúcar movimentou US$ 32,3 milhões, representando 9,6% do total.
Além desses, produtos como frutas, milho, peixes, café e hortaliças também poderão sofrer com a perda de competitividade. A importação de máquinas agrícolas e fertilizantes – essenciais para o funcionamento do campo – é outra frente afetada. Só as máquinas representam 25,5% das importações goianas dos EUA, enquanto os fertilizantes e adubos somam 6%.
“Esses setores que são grandes exportadores começaram a sentir os impactos da redução na competitividade no curto prazo, especialmente carne bovina e açúcar. Por outro lado, os produtores que dependem da importação de máquinas e fertilizantes terão mais dificuldades para absorver os aumentos nos custos, já que a substituição desses insumos no mercado internacional é limitada”, explica Edson Novaes, gerente técnico do Grupo de Estudos Técnicos da Faeg (Getec).
Momento exige cautela e diplomacia
Apesar da gravidade do cenário, a Faeg pondera que ainda é cedo para calcular os prejuízos com precisão. A federação defende uma postura estratégica e diplomática por parte do governo brasileiro nas tratativas com os Estados Unidos.
“Vimos que o governo brasileiro reagiu com críticas à imposição das tarifas, anunciando que irá ativar a Lei de Reciprocidade Econômica. Entendemos que este é um momento de cautela e diplomacia, em que o Brasil deve ter presença ativa na mesa de negociações com os EUA. É fundamental fazer tratativas para fortalecer a relação bilateral e não isolar ainda mais o país. A diplomacia e a negociação são o melhor remédio neste momento”, frisou Schreiner.
Riscos de uma guerra comercial
A Faeg alerta que, embora a medida mire diretamente o Brasil, os próprios Estados Unidos também podem sair perdendo. Em 2025, o país norte-americano já acumula um superávit comercial de mais de US$ 3,3 bilhões no fluxo bilateral com o Brasil. Caso a crise evolua para uma guerra comercial, retaliações brasileiras poderão atingir setores estratégicos norte-americanos.
“Todos perdem com uma guerra comercial. Para o Brasil, o risco é maior, porque o fechamento de mercado pode refletir diretamente na geração de empregos e nos níveis de preços de setores estratégicos da nossa economia. O impacto poderá ser percebido tanto no campo quanto na cidade”, alertou Edson Novaes.
Em nível nacional, o aumento tarifário pode afetar fortemente as exportações brasileiras de açúcar, café, suco de laranja e carne – pilares da pauta do agro com os EUA. Produtos industriais como petróleo, minério de ferro, aço, máquinas, aeronaves e eletrônicos também podem ser envolvidos no embate comercial.
A Faeg, em conjunto com o Sistema Faeg/Senar, afirma que segue monitorando de perto os desdobramentos da medida. Entre as prioridades listadas pela entidade estão o diálogo internacional, a diversificação de mercados e a preservação da competitividade do produtor goiano.
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