quarta-feira, 24 de abril de 2024

Agro

Sistema Faeg/Senar/Ifag destaca que tempo seco acende sinal de alerta no campo

POR | 07/08/2022
Sistema Faeg/Senar/Ifag destaca que tempo seco acende sinal de alerta no campo

Imagem: Divulgação/Sistema Faeg/Senar/Ifag

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Em Goiás, o período de seca e estiagem vai de maio a outubro. Até abril, costuma chover regularmente no Estado. Porém neste ano, a situação foi atípica. As chuvas cessaram de forma abrupta entre março e abril, resultando em uma seca precoce em Goiás. Essa é a avaliação do gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim. De acordo com ele, a situação foi perceptível nas cidades e no campo. “A seca começou mais cedo e trouxe preocupação. Isso porque, nesta época, temos manhãs com temperaturas baixas e no período da tarde praticamente dobra. Chegando agosto e setembro, teremos outro cenário. A umidade relativa do ar deve cair ainda mais, chegando a 10% ou 8%, e as temperaturas devem se elevar. Pode ter alguma chuva intermediária nesse período? Pode ocorrer sim, desde que uma frente fria passe, avance e traga instabilidade, influenciando o tempo em Goiás. Mas o período chuvoso só deve ocorrer mesmo a partir de outubro”, explica.

 

André acrescenta que a combinação umidade baixa e temperaturas altas pode contribuir para maior risco de queimadas, já que as pastagens e a vegetação estão mais secas. “É uma preocupação. Ano passado, por exemplo, vimos máquinas e implementos agrícolas sendo queimados por incêndios criminosos. Mas sabemos que o produtor se preocupa com a situação, porque a terra que pega fogo é prejudicial para ele. Ele investe nessa terra para o plantio”, informa. 

 

Os produtores Vivaldo de Souza Machado e Túlio de Almeida Machado, da Agropecuária VM, às margens da GO-213, em Morrinhos, se preocupam com esse período de estiagem e adotam estratégias na propriedade para evitar queimadas no campo. “Na época seca do ano, aceiros são realizados às margens da rodovia e também sempre há uma carreta tanque cheia de água para casos emergenciais à disposição. Grades aradoras também ficam em locais de fácil acesso de acoplamento no caso de necessidade de sua utilização para esse fim”, afirma Túlio. 

 

Na fazenda deles são desenvolvidas atividades agropecuárias. Na parte agrícola, são culturas de sequeiro (principalmente soja e milho), culturas irrigadas (feijão e milho), além da fruticultura. Já na parte de pecuária o foco é a bovinocultura de corte. Túlio lembra que já houve casos de queimadas na propriedade. “No caso, as áreas de sequeiro estavam sem nenhuma cultura instalada. Porém, a cobertura vegetal e a parte biológica do solo foram comprometidas com a queimada. Além disso, houve também toda a mobilização dos recursos humanos e de infraestrutura da propriedade para auxiliar no controle, visto que a queimada ocorreu em um final de semana”, diz.

 

Ele destaca, ainda, que o Sindicato Rural de Morrinhos e o Corpo de Bombeiros sempre alinham estratégias para reunir produtores, compartilhar informações, definir ações e direcionar esforços para evitar situações de queimadas. “A cada ano, as ações voltadas ao produtor rural têm aumentado a sua abrangência. A conscientização do produtor rural também é um fator que tem sido trabalhado e tem obtido bons resultados. Vejo esses resultados baseando-se em observações diárias feitas em fazendas da região que, principalmente à margem das rodovias, têm se cuidado com aceiros e outras prevenções”, relata. 

 

 

Dia D do Aceiro

 

Um levantamento de focos de incêndio em Goiás, feito pelo Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), em consulta ao Instituto de Pesquisa Espaciais (Inpe) no dia 05 de julho deste ano, observou em 2022 uma leve tendência de aumento de focos em março, abril e maio e uma queda em junho, comparado com 2021, mas ainda longe de ser crítico como no ano de 2019 em termos de focos totais. “Acreditamos que esse ano, com as iniciativas preventivas que têm sido adotadas, teremos dados menores em relação aos outros anos”, informa o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Ifag, Thiago Castro de Oliveira.

 

Segundo ele, o Sistema Faeg/Senar/Ifag/Sindicatos Rurais é um dos que se preocupam em conscientizar o produtor rural sobre os perigos de queimadas no campo, os prejuízos que podem ocorrer e as formas de prevenção e combate aos incêndios. Entre as ações para levar informação ao campo estão campanhas, treinamentos por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) e ações como Dia D do Aceiro. “É importante salientar que o objetivo principal, além de diminuir os focos ativos de incêndios, é conter o avanço descontrolado do fogo em todo Estado. Vários órgãos estão unindo forças para fortalecer ações, por meio do Comitê de Combate a Incêndios Rurais”. 

 

Thiago, que é engenheiro agrônomo, enfatiza que o fogo, além da poluição do ar, traz enormes prejuízos à saúde humana, aos animais e à qualidade do solo. “Atualmente, os produtores de cana-de-açúcar sabem que quando há queima, a produção reduz significativamente e a produtividade da colheita também, assim como acaba com todos os microrganismos no solo. E o pior é quando queimam equipamentos, edificações rurais, cercas etc. Por isso, podemos dizer que os produtores rurais estão em alerta e sabem dos malefícios da queima”, reforça. 

 

 

Qualificação

 

Uma das formas de promover conscientização junto ao produtor rural é por meio de cursos de qualificação. O Senar Goiás tem realizado treinamentos específicos no combate a incêndios e queimadas no setor agropecuário, como Prevenção e Combate a Incêndios na Cana-de-Açúcar, com carga horária de oito horas, e Manejo Integrado do Fogo em Áreas Agrícolas, com carga horária de 24 horas. “Considerando a ocorrência de incêndios e queimadas em nosso Estado e o impacto gerado nas propriedades rurais, o Senar Goiás realizou treinamentos em várias regiões do Estado em 2022. Os produtores rurais são muito receptivos quanto às informações e orientações oferecidas pela entidade, o que faz com que os impactos causados pelos incêndios e queimadas sejam diminuídos ou em muitas situações deixem de ocorrer. Além disso, os técnicos de campo do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) também levam informações importantes aos proprietários rurais sobre esse tema”, informa o diretor técnico do Senar Goiás, Flávio Henrique. 

 

O produtor rural José Ricardo Caixeta Ramos, que também é superintendente na Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), adota estratégias para prevenir a entrada de incêndios, como é o caso de aceiros, especialmente nas faixas de domínio da rodovia e nas cercas. Para isso, ele buscou o Senar Goiás para ministrar treinamentos para a equipe da propriedade dele, em Anápolis. “Fazemos a capacitação dos profissionais e equipamos todos com EPIs [Equipamentos de Proteção Individual]. Hoje, nós temos caminhão pipa, abafadores e trouxemos o Senar para fazer capacitação nesse sentido, para que todos os nossos colaboradores e nossos vizinhos estejam preparados em um eventual combate. Nós criamos um grupo de Whatsapp na região e quando tem um foco de incêndio, em algum vizinho, ou região próxima, todos já entram nesse grupo e já fazem a comunicação o mais rápido possível. A gente se organiza para, de forma ordenada e orientada, trabalhar o combate”, diz.

 

Saiba mais sobre os treinamentos do Senar Goiás em: https://sistemafaeg.com.br/senar/cursos-e-treinamentos/agricultura.

 

Fonte: Comunicação  Sistema Faeg/Senar/Ifag

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