Uma declaração dada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, gerou animosidade entre representantes do agronegócio, em Brasília. Em entrevista ao jornal O Globo, ele afirmou que as ondas de invasões cometidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) em propriedades rurais pelo país é resultado de “uma pressão legítima e tiveram uma resposta do governo”.

Ainda na entrevista, o ministro não deixa claro se poderia prever mais invasões do movimento e afirma que a relação com o MST é boa, mesmo apontando que há outros meios de reivindicações por meio de um canal direto de comunicação com o governo.

O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), entrou com uma representação na Procuradoria Geral da República contra o Teixeira por apologia e incitação ao crime, tipificações previstas no Código Penal Brasileiro.

A declaração é mais uma que incendeia o diálogo entre a classe do agronegócio e o governo federal e tumultua a busca pelo diálogo saudável. O caso toma proporção maior quando envolve um grupo considerado algoz do setor e por vezes, até criminoso para produtores rurais.

Quando é que governos deixarão a posição política para buscar um diálogo com outro que pense igual e assim, encontrar um consenso? Me parece que a cada dia, os efeitos da polarização política atrapalham propostas e enterram demandas que há décadas são exigidas por parte de grupos devido à diferença ideológica.

Vamos lembrar que quem está no governo está trabalhando não só para quem votou, mas nos outros 49%, compostos em sua maioria agricultores, empresários e pessoas que trabalham e estudam no dia-a-dia. Já passou da hora de quem está no executivo, não importa quem seja, sair da bolha e viver o Brasil real.

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.