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Brasil

“Acalmar os ânimos” faz o especial Porta dos Fundos ser retirado da Netflix

POR Jornal Somos | 09/01/2020
“Acalmar os ânimos” faz o especial Porta dos Fundos ser retirado da Netflix

Divulgação

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O especial de Natal da Netflix Brasil, produzido pelo Porta dos Fundos, canal do Youtube, que causou polêmica na internet, principalmente entre religiosos, em razão das sátiras feitas com figuras cristãs. Ontem, quarta feira (08), o canal recebeu determinação da Justiça para ser retirado do ar.

 

O filme humorístico retrata um Jesus que seria gay e um triângulo amoroso entre Deus, Maria e José. Muitas lideranças de igreja e seus fiéis se manifestaram ofendidos com a paródia e há ao menos 7 ações judiciais contra a Netflix lideradas por estes ordenamentos religiosos.

 

A determinação judicial decidiu pela retirada do especial do ar para “acalmar os ânimos”. Agora, internautas em defesa do Porta dos Fundos, se manifestam afirmando que este ato seria uma espécie de censura.

 

Entenda o caso

 

 

“A primeira tentação de Cristo”

O Porta dos Fundos é um canal de humor brasileiro do Youtube, com 16,2 milhões de inscritos, que sempre utiliza de ironia e acidez em seus vídeos. A produtora de vídeos foi contratada em 2018, pela Netflix Brasil, para elaborarem um especial de natal e repetiram a aposta em 2019. O filme do ano retrasado se chama “Se beber, não ceie” e o do ano passado, que vem causando polêmicas, “a primeira tentação de Cristo”.

 

A estreia do segundo especial de natal aconteceu no dia 3 de dezembro de 2019 e apresenta um Jesus gay, interpretado por Gregorio Duvivier, que se relaciona com um jovem chamado Orlando, feito pelo ator Fábio Porchat e um Deus mentiroso, interpretação de Antonio Tabet, que vive um triângulo amoro com Maria e José.

 

Coquetel molotóv

As reações contrárias ao especial de natal foram além da internet e da seara jurídica. Dois coquetéis molotov foram atirados contra a fachada do edifício da sede do Porta dos Fundos, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro.

 

O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo) como crime de explosão e foi cometido por cinco pessoas, sendo apenas um identificado, o economista e empresário Eduardo Fauzi, que está foragido desde 31 de dezembro, quando embarcou para a Rússia.

 

Fauzi foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol a pedido da Polícia Federal. Ao ter o nome inserido na chamada “lista vermelha”, qualquer força policial do país em que o suspeito esteja pode proceder sua apreensão.

 

Decisão Judicial

A suspensão do especial foi requerida pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura e havia sido negada em primeira instância. Posteriormente, distribuída ao relator, a decisão sobre o pedido foi modificada.

 

“As consequências da divulgação e exibição da ‘produção artística’ (...) são mais passíveis de provocar danos mais graves e irreparáveis do que sua suspensão (sic), até porque o Natal de 2019 já foi comemorado por todos”, escreveu o desembargador Benedicto Abicair, justificando sua deliberação.

 

Sobre a associação que iniciou o processo, o desembargador disse se tratar de uma instituição que busca defender direitos da comunidade cristã, sendo a mais expressiva no Brasil. No entanto, quanto a produtora de vídeos e a Netflix, disse: “do outro lado têm-se empresas, com fins lucrativos, uma que se apossou de uma obra de domínio público, milenar, que congrega milhões de fiéis seguidores”.

 

Segundo informações do Istoé, o desembargador Abicair foi um dos votos favoráveis a absolvição do então deputado federal Jair Bolsonaro, em 2017, por comentários homofóbicos, proferidos no extinto programa “CQC”, da TV Bandeirantes.

 

 

Censura

Além dos internautas, algumas personalidades também consideram o último acontecimento, de suspensão do filme, como um ato de censura.

 

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, emitiu a seguinte nota: “A Constituição brasileira garante, entre os direitos e garantias fundamentais, que ‘é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença’. Qualquer forma de censura ou ameaça a essa liberdade duramente conquistada significa retrocesso e não pode ser aceita pela sociedade”.

 

“Tempestade de ódio”

O Porta dos Fundos, em nota, afirmou que “gostaria de reforçar nosso compromisso com o bom humor e declarar que seguiremos mais fortes, mais unidos, inspirados e confiantes de que o Brasil sobreviverá a essa tempestade de ódio, e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão”.

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