quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu, nesta quinta-feira (17), o cadastro para voluntários das fases 1 e 2 dos testes clínicos da SpiN-Tec – a primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu aval para a testagem em humanos no dia 3 de outubro.
A SpiN-Tec foi desenvolvida através de uma proteína recombinante, semelhante à da vacina da hepatite, que utiliza a combinação de duas proteínas do Sars-CoV-2. De acordo com a instituição, a previsão é de que a vacina esteja disponível para aplicação em toda a população a partir de 2025.
Interessados devem realizar inscrição no site do CT-Vacinas, que é o centro de pesquisas em biotecnologia da universidade. Aqueles que forem selecionados serão submetidos a avaliações clínicas e laboratoriais. A vacina nacional, antes da testagem em humanos, foi testada em animais, confirmando a eficácia e a segurança do imunizante.
A primeira fase dos testes contará com 72 voluntários com idades entre 18 e 85 anos. Quem realizar a inscrição deve estar em um bom estado de saúde, não ter tido Covid-19, ter recebido as duas doses iniciais da CoronaVac e uma de reforço da Pfizer há pelo menos nove meses.
A segunda fase das avaliações clínicas contará com 360 pessoas, também entre 18 e 85 anos. Estas devem ter recebido duas doses da vacina CoronaVac ou da AstraZeneca e uma ou duas aplicações de reforço da Pfizer ou Astrazeneca. O fato de já ter contraído COVID-19 não impede a pessoa de se habilitar para a segunda fase dos testes.
Para participar das duas etapas, os voluntários devem residir Belo Horizonte durante 12 meses de estudo. As mulheres não podem estar grávidas ou amamentando. Por fim, ainda haverá uma terceira a última etapa dos testes, que irá reunir de quatro a cinco mil voluntários.
De acordo com o coordenador dos testes clínicos da vacina, professor Helton Santiago, se a pessoa cadastrada for elegível para o estudo, ela receberá o imunizante SpiN-TEC. “O candidato comparece para a vacinação no dia marcado, faz os procedimentos e fica em observação por até uma hora. Depois, já está liberado para ir para casa. Faremos o monitoramento ao longo de 12 meses”, explica.
Dessa forma, a equipe que executa os testes clínicos fará ligações periódicas para os voluntários para saber como estão se sentindo. As pessoas também farão sete visitas programadas à Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac) – onde a dose será ministrada – uma semana após a aplicação e, na sequência, depois de duas semanas, 28 dias, 90 dias, 180 dias, 270 dias e 360 dias.
“A expectativa, agora, é que a vacina se confirme como segura e imunogênica, fato observado em outras fases. Esperamos que ela induza resposta imunológica nos participantes, assim como induziu nos testes em animais”, explica o docente do Instituto de Ciências Biológicas, destacando a rapidez e eficiência no processo de produção do imunizante.
“Em média, uma vacina demora de 20 a 30 anos para ser desenvolvida. A pandemia abreviou esse processo. O desenvolvimento da SpiN-TEC tem sido muito rápido, já que os estudos começaram em novembro de 2020”, lembra Helton Santiago. “É um marco para a ciência brasileira”, finaliza.
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