segunda-feira, 14 de julho de 2025
Declarações do presidente norte americano Donald Trump preocupa economia brasileira
Foto: Reprodução
Além de representar um agravamento expressivo frente à tarifa de importação de 10% já aplicada em abril, a imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros transcende o âmbito do comércio bilateral, acarretando implicações relevantes para as cadeias globais de valor da agroindústria de alimentos.
Dada a importância do Brasil como fornecedor consistente de matérias-primas e produtos industrializados – como suco de laranja, proteínas animais, açúcar e café – e dos EUA como um dos principais mercados consumidores e transformadores desses bens, a medida poderia provocar realinhamentos nas rotas comerciais internacionais.
Hoje os EUA são o segundo maior mercado individual do Brasil, atrás apenas da China (ver dados de exportações abaixo). A perda de competitividade no mercado norte-americano levaria o Brasil a ter que redirecionar parte de sua oferta a outros destinos globais, ao passo que os EUA precisariam buscar novos fornecedores, o que não ocorre sem custos nem desafios logísticos, especialmente considerando os volumes envolvidos e a liderança brasileira em diversos segmentos. Essa reorganização tende a gerar repercussões para países terceiros, afetando volumes, preços, contratos e a estabilidade das cadeias produtivas agroindustriais em escala global.
Diante da gravidade da medida e de seus desdobramentos, a retomada urgente de diálogo técnico e diplomático com os EUA é de fundamental importância. A entidade considera crucial que haja uma articulação institucional para mitigar incertezas e distorções, considerando os efeitos da medida não apenas sobre o comércio, os investimentos e a atividade econômica entre os dois países, mas também sobre variáveis macroeconômicas sensíveis, como a taxa de câmbio e a inflação.
DADOS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS AOS EUA
Em 2024, as exportações brasileiras de alimentos industrializados aos EUA somaram US$ 4,5 bilhões — 6,8% do total exportado pelo setor — com alta de 27,9% sobre o ano anterior. Os principais produtos foram proteínas animais (US$ 1,41 bilhão), sucos (US$ 1,19 bilhão) e açúcares (US$ 604 milhões). No segmento in natura, o destaque foi o café em grão, com US$ 1,9 bilhão exportado, representando 80% do total enviado ao mercado norte-americano.
No primeiro semestre de 2025, o comércio bilateral entre Brasil e EUA apresentou expansão significativa em ambas as direções. As exportações brasileiras totalizaram US$ 20,02 bilhões, crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024. As importações originadas dos EUA, por sua vez, somaram US$ 21,70 bilhões, com alta mais expressiva de 11,7%. Como resultado, o saldo da balança comercial — já favorável aos EUA — ampliou-se de forma considerável, passando de US$ 280 milhões no primeiro semestre de 2024 para US$ 1,67 bilhão em 2025.
Especificamente no segmento de alimentos industrializados, as exportações brasileiras aos EUA atingiram US$ 2,83 bilhões no primeiro semestre de 2025, com expressiva alta de 45,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os principais destaques foram as carnes bovinas refrigeradas e congeladas (US$ 791 milhões, +142,0%), óleos e gorduras vegetais (US$ 262,8 milhões, +84,5%) e sucos de frutas (US$ 743,5 milhões, +68,3%). Esses resultados reforçam a relevância crescente do setor no intercâmbio bilateral e o elevado grau de complementaridade entre as economias.
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