quinta-feira, 12 de junho de 2025
Foto: STF
A sessão desta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, foi suspensa para o intervalo de almoço e será retomada às 14h30 com o aguardado depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os trabalhos começaram às 9h e foram interrompidos às 12h30. Pela manhã, prestaram depoimento os réus Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Os interrogatórios fazem parte da ação penal que investiga o chamado "núcleo crucial" da suposta trama golpista. Na segunda-feira (9), já haviam sido ouvidos o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
À tarde, além de Bolsonaro, devem depor os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto — este último candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
O ministro Alexandre de Moraes, que conduz as audiências, tem adotado uma postura firme, porém equilibrada, mesclando momentos de bom humor e cordialidade.
Réus negam participação em plano golpista
Os réus ouvidos nesta manhã negaram qualquer envolvimento em um plano para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas urnas.
Almir Garnier
Primeiro a ser ouvido, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier confirmou ter participado de uma reunião com Bolsonaro na qual se discutiu a possível decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas negou qualquer debate sobre uma minuta golpista.
“Houve apresentação de tópicos que poderiam levar, talvez, à decretação de uma GLO. Não houve deliberação sobre golpe de Estado”, afirmou.
Garnier também negou que o desfile de blindados em Brasília, em agosto de 2021, tenha tido como objetivo pressionar a Câmara na votação da PEC do voto impresso, classificando o evento como "coincidência".
Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres minimizou a importância da minuta de golpe encontrada em sua residência:
"Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google. Estava no meu gabinete, e eu nem lembrava que existia esse documento", disse.
Torres também declarou que nunca encontrou indícios técnicos de fraude nas urnas eletrônicas durante sua gestão:
"Tecnicamente, não temos nada que aponte fraude. Sempre deixei isso claro."
Ele explicou ainda que perdeu seu celular nos Estados Unidos ao ficar “transtornado” com a notícia de que sua prisão havia sido decretada.
Augusto Heleno
O general Augusto Heleno exerceu o direito de permanecer em silêncio, respondendo apenas às perguntas da própria defesa. Ele afirmou que "não havia clima" para uso da Abin na elaboração de relatórios sobre supostas fraudes eleitorais.
Seu depoimento foi marcado por constantes intervenções de seu advogado, que o orientou a se limitar a respostas objetivas e a "se ater aos fatos".
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