quinta-feira, 21 de novembro de 2024

STF decide que Moro foi parcial e sessão precisou ser interrompida por debate entre ministros Mendes e Barroso

POR | 23/04/2021
STF decide que Moro foi parcial e sessão precisou ser interrompida por debate entre ministros Mendes e Barroso

Redação Jornal Somos

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Nesta quinta-feira (22/04), o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria a favor da manutenção da decisão da Segunda Turma da Corte segundo a qual o ex-juiz Sergio Moro agiu parcialmente no processo em que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex em Guarujá. Entretanto, o julgamento foi suspenso em razão de pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello, que significa que precisa de mais tempo para analisar o caso, e será retomado depois que o ministro devolver o processo e uma nova data for definida pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux.

 

 

Mas com a maioria, já pode entender que com a manutenção pelo plenário da decisão da Segunda Turma, a suspeição de Moro fica mantida no processo do triplex. Assim, o caso precisará ser retomado da estaca zero pelos investigadores. As provas já colhidas serão anuladas e não poderão ser utilizadas em um eventual novo julgamento pela Justiça Federal do Distrito Federal, para onde o caso foi enviado. A decisão do envio do processo para o DF já havia sido tomada antes do plenário. Vale a pena ainda esclarecer que a decisão do plenário vale somente para o caso de Lula.

 

 

Apesar das decisões e defesas de pontos de vistas de cada ministro, a sessão foi interrompida pelo presidente do STF por motivo específico: uma discussão entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, em que iniciaram alfinetadas por suas opiniões.

 

 

Bate-boca

 

Quando começaram a discussão, Gilmar Mendes disse que cabia a ele decidir quando julgar o caso da suspeição de Moro na Segunda Turma. “O processo estava sob minha vista. Cabia a mim decidir, não ao relator indicar adiamento num processo que está com vista de outro. Estava comigo”, argumentou. “Essa é a verdade dos fatos.”

 

 

Mas foi respondido por Barroso que afirmou que o conflito não foi entre a turma e o plenário e sim entre o relator e a turma. “Também quero aprender essa fórmula processual”, rebateu Mendes. “A fórmula processual é, se os dois órgãos têm o mesmo nível hierárquico. Um não pode atropelar o outro”, respondeu Barroso. “Estou tratando juridicamente, não precisa vir com grosseria”, disse.

 

 

Gilmar Mendes disse que “talvez isso exista no código do russo, aqui não”, ao que Barroso declarou: “no código do bom senso, de respeito aos outros”. “Se o relator afetou ao pleno, é ao pleno. Vossa Excelência sentou em cima da vista dois anos e se acha no direito de depois ditar regras para os outros”, declarou.

 

 

Fux tentou encerrar o debate, mas sem sucesso: “Concedi a palavra a todos”. Mas ambos continuaram. Gilmar Mendes afirmou: “O moralismo é a pátria da imoralidade”, e foi novamente contestado por Barroso: “Nada de moralismo”. “Vossa Excelência perdeu, perdeu”, disse Gilmar Mendes. “Vossa Excelência não tem esse papel. Absolutamente. Está errado.” Fux então encerrou a transmissão, com os debates ainda em curso. “Me perdoem, não gosto de cassar a palavra de ninguém, não gosto de cassar as palavras dos colegas, mas está encerrada a sessão”.

 

 

Antes, o ministro Ricardo Lewandowski também havia discutido com Barroso sobre o julgamento. Após fala de Lewandowski de que votos a favor da suspeição não significavam um posicionamento a favor da corrupção, Barroso afirmou: “Não insinuei isso”, ao que foi rebatido: “Melhor então”.

 

 

(Com informações do G1 e Carta Capital)

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