quarta-feira, 16 de julho de 2025
Foto: Reprodução X
As exportações de manga do Brasil para os Estados Unidos foram suspensas nos últimos dias, gerando um clima de tensão e incerteza entre produtores, especialmente no Nordeste do país. A paralisação ocorre diante da possibilidade de uma sobretaxa de 50% anunciada pelo governo de Donald Trump, que pode entrar em vigor a partir de agosto e afetar diretamente as mercadorias brasileiras.
A notícia chega em um momento delicado: a chamada janela de exportação de manga para os Estados Unidos começa justamente em agosto e se estende até outubro ou novembro. Para os produtores da região Nordeste, onde se concentra a maior parte da atividade frutícola voltada à exportação, o cenário é preocupante. Muitos temem prejuízos severos e até mesmo falências, caso o impasse não seja resolvido rapidamente.
Segundo a Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados), a manga é a principal fruta brasileira exportada para o mercado americano, tendo representado 14% de todo o volume exportado em 2024. Embora outras frutas também sejam vendidas, como a laranja, esta última aparece principalmente em forma de suco.
A entidade confirmou que tem recebido relatos de suspensão de negociações e paralisações de embarques. “Paralisou-se o processo de exportação, mas a fruta não espera. A fruta está madura, tem de ser colhida, e aí vão começar os problemas”, alertou Luiz Roberto Barcelos, diretor institucional da Abrafrutas.
Barcelos ressalta que o impacto da possível tarifa não se limita apenas à perda do mercado americano. A interrupção das exportações criaria um efeito cascata, com excesso de oferta no mercado interno, pressão sobre os preços e prejuízos generalizados. “Como é um produto perecível, o preço fatalmente irá cair muito, e o prejuízo vai ser grande para a produção de modo geral, não só para quem exporta para os Estados Unidos”, pontuou.
Em 2023, 15,1% da produção de manga no Brasil foi destinada ao mercado externo. A dependência dos exportadores do calendário e das janelas comerciais internacionais torna o setor vulnerável a medidas protecionistas como a anunciada pelo governo norte-americano.
Para Paulo Dantas, diretor da Agrodan, empresa com forte presença no mercado europeu e operações em Pernambuco e na Bahia, o clima é de apreensão. “Apesar de a janela de embarques para os Estados Unidos ainda não ter começado, já há um clima de desespero. A tendência é muita gente quebrar se realmente perder essa janela”, disse.
Enquanto a sobretaxa não entra oficialmente em vigor, o setor torce por uma solução diplomática. Em nota, a Abrafrutas afirmou que “encoraja” as tratativas entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para evitar o agravamento do impasse comercial.
“A fruticultura brasileira quer continuar exportando seus produtos para os EUA e, certamente, os importadores americanos desejam contar com nossas frutas para complementar o abastecimento do varejo, em um modelo de negócio ganha-ganha”, concluiu a entidade.
*Com informações Mais Goiás
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