quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Uma reportagem especial realizada pelo médico Drauzio Varella e que foi ao ar na rede Globo de Televisão, através do programa Fantástico, exibido na edição de 1º de março de 2020, tem causado muita polêmica em seus desdobramentos.
A reportagem mostrava a situação de pessoas transexuais no sistema penitenciário, e Suzy Oliveira, detenta transexual foi uma das entrevistadas. Drauzio é voluntário no sistema penitenciário desde 1989 e conduziu a reportagem, que ao final de um dos questionamentos que ele fez, se levanta e dá um abraço na entrevistada, após a mesma confessar que está a sete, oito anos sem receber visita. Esta cena em especial provocou mobilização de internautas para que Suzy recebesse cartas, num movimento incentivado inclusive pelo governo paulista, que divulgou o endereço da unidade em que ela está, a Penitenciária José Parada Neto. A partir daí ela recebeu centenas delas, livros, bíblias, chocolate e maquiagens, entre outras coisas.
— Jornal Somos (@JornalSomos) March 10, 2020
Até aí, parecia ser apenas mais uma história sentimental, em que se encontra um novo final feliz, mas não para por aqui não. Um novo ponto de vista surgiu após as pessoas tomarem conhecimento de que ela cumpre pena em Guarulhos (SP) por estuprar e matar uma criança com menos de 14 anos usando meio cruel e recurso que impossibilite a defesa da vítima, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP) - a secretaria não divulga o nome de registro da detenta, mas indica os artigos do Código Penal que levaram à condenação.
A informação foi divulgada neste último final de semana, quando sites e contas em redes sociais passaram a divulgar o motivo da condenação, depois confirmado pela SAP. A partir disto, o médico e a emissora se tornaram alvos de críticas e ataques nas redes sociais, capitaneados por personalidades conservadoras e bolsonaristas, mas disseminados também em outros grupos.
- Enquanto a Globo tratava um criminoso como vítima, omitia os crimes por ele praticados: estupro e assassinato de uma criança.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 9, 2020
- Graças à internet livre, o povo não é mais refém de manipulações.
- Infelizmente a Constituição não permite prisão perpétua para crimes tão cruéis. pic.twitter.com/cafVGn5tuu
Segundo publicação do Estadão, uma das filhas do médico disse em rede social que passou a receber ameaças físicas, que serão denunciadas. No fim da tarde de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou sobre o caso, declarando que "enquanto a Globo tratava um criminoso como vítima, omitia os crimes por ele praticados". O presidente enalteceu "a internet livre" por disseminar a razão do crime e lamentou o veto à prisão perpétua na Constituição Mais cedo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamara a TV globo de “lixo” “a serviço do mal”, e o procurador da República Ailton Benedito escrevera que “está claro que um dos objetivos da ‘reportagem’ era ocultar a verdade sobre os crimes das transexuais, para obter apoio da sociedade enganada para a causa político-ideológica da Globo”.
No fim do domingo (8), Drauzio publicou nota em suas redes sociais em que disse que não perguntou os crimes cometidos pelas entrevistadas e afirmou ser médico, não juiz.
“Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistas. Sou médico, não juiz.”
Na mesma noite, o Fantástico voltou ao tema em nota lida pelos apresentadores na qual responde que não informou o motivo que levou as detentas à prisão porque "este não era o objetivo da reportagem". A produção abordava as condições de vida das detentas, mas não questionava o sistema judicial nem advogava contra as razões da prisão. O texto institucional afirma, também, que o Fantástico apoia integralmente a nota de Drauzio.
— Jornal Somos (@JornalSomos) March 10, 2020
A própria Suzy, por meio de sua advogada, divulgou uma carta na qual apresenta-se também pelo nome Rafael Tadeu e diz não ter sido indagada sobre o motivo de sua condenação.
"Eu sei que errei e muito. [Em] Nenhum momento tentei passar como inocente e desde aquele dia me arrependi verdadeiramente, e hoje estou aqui pagando por tudo que cometi."
Agora, é esperada a reportagem especial que será veiculada hoje, terça feira (10), e anunciada pelo apresentador Sikêra Jr no programa Alerta Nacional, na RedeTV! com entrevista feito pelo repórter Edie Polo. O comunicado foi feito pelo apresentar nas redes sociais ontem, e ainda algumas imagens foram veiculadas ontem mesmo no programa dele, apresentando a mãe da vítima da detenta. A mãe da criança de 9 anos que foi estuprada, estrangulada, morta e enterrada afirmou ao apresentador que ficou indignada por ver que o autor do crime ganhou um abraço do médico durante uma reportagem da Globo. E ele ainda acrescentou: “Eu fiquei extremamente chocado quando eu cheguei lá e conversei com essa senhora porque 10 anos depois ela ainda sofre demais com as consequências desse crime bárbaro. Hoje, menino Fábio dos Santos estaria com 19 anos e poderia ajudar nas despesas da casa. Ela (mãe da vítima) é uma empregada doméstica que tem muita dificuldade de arrumar emprego e ainda é relacionada com o crime”.
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De acordo com a presidente da equipe, Kenia Leite, o objetivo é figurar entre as 5 melhores equipes da competição.