terça-feira, 05 de agosto de 2025

Prisão domiciliar de Bolsonaro preocupa setor produtivo goiano e gera tensão diplomática com os EUA

POR Ana Carla Oliveira | 05/08/2025
Prisão domiciliar de Bolsonaro preocupa setor produtivo goiano e gera tensão diplomática com os EUA

Foto: Reprodução Jucimar de Sousa

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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), repercutiu com força no setor produtivo de Goiás. Lideranças empresariais apontam que a medida amplia as tensões políticas internas e pode prejudicar diretamente o ambiente de negócios, além de aprofundar o mal-estar diplomático com os Estados Unidos, agora sob o governo de Donald Trump.

 

Para Marcelo Baiocchi, presidente da Fecomércio-GO, o momento deveria ser de pacificação, e não de ações que aumentem a polarização. “Estamos precisando buscar distensionar o momento, buscar conciliação e equilíbrio. Isso acaba abrindo mais distância nesse processo”, afirmou em entrevista ao portal Mais Goiás.

 

Baiocchi também demonstrou preocupação com os efeitos externos da decisão judicial. “Com certeza os Estados Unidos, através do presidente Trump, não vão recuar e vão continuar endurecendo com o Brasil, onde temos um presidente que faz enfrentamento a ele e um Judiciário que não demonstra vontade de acabar com esse problema. Isso é muito ruim para o país e atinge a todos, independentemente de posição política”, avaliou.

 

A inquietação também foi expressa por Rubens Filetti, presidente da Acieg (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás). Segundo ele, o principal risco está na insegurança jurídica crescente e em seus reflexos imediatos sobre a economia. “Não é questão de Trump, Moraes ou Bolsonaro. A questão é o clima de insegurança jurídica que está se formando e isso reflete diretamente nos investimentos e no crescimento das empresas”, destacou.

 

Filetti classificou a prisão domiciliar de Bolsonaro como “absurda” e afirmou que o impacto já é sentido no setor. “Depois desse absurdo que foi feito, muitas empresas já se posicionaram com preocupação para o segundo semestre. É um reflexo imediato na veia do setor produtivo e na economia”, disse.

 

A tensão ganhou proporções internacionais depois que o governo Trump publicou, na rede X (antigo Twitter), um repúdio oficial à decisão de Moraes. A nota norte-americana condena a ordem e promete responsabilizar qualquer um que facilite ou colabore com ações consideradas sancionáveis, o que acirra ainda mais a crise institucional e abre precedentes para possíveis retaliações comerciais.

 

A ordem de prisão domiciliar contra Bolsonaro foi expedida no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo Moraes, o ex-presidente violou medidas cautelares ao participar, mesmo que remotamente, de um ato público em Copacabana no último domingo (3). A decisão incluiu ainda o recolhimento do celular utilizado na transmissão.

 

Em meio a um ambiente já polarizado, o setor produtivo goiano se vê agora diante de um cenário de instabilidade política e econômica, que pode refletir diretamente na confiança do mercado e no crescimento empresarial ao longo de 2025.

 

*Com informações Mias Goiás

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