terça-feira, 01 de abril de 2025

Preço do café dispara e criminosos furtam café antes mesmo da colheita em Minas Gerais

POR Ana Carla Oliveira | 29/03/2025
Preço do café dispara e criminosos furtam café antes mesmo da colheita em Minas Gerais
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O aumento expressivo no valor do café tem gerado uma preocupação inédita entre cafeicultores de Minas Gerais. Se antes os produtores estavam atentos à segurança de maquinários e insumos agrícolas, agora o receio se estende até mesmo à colheita, com furtos diretamente dos pés das plantações.

 

Com a saca de 60 quilos ultrapassando R$ 2.500, criminosos têm encontrado no café um alvo lucrativo, elevando os registros de furtos tanto em pequenas propriedades quanto em grandes lavouras. Nos últimos meses, agricultores do Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata relataram casos de grãos sendo subtraídos ainda na fase de maturação, além do roubo de cargas já colhidas.

 

As ocorrências variam desde pequenos furtos individuais até ações organizadas de quadrilhas especializadas. Em cidades como Ilicínea e Campestre, criminosos foram flagrados colhendo o café diretamente dos pés durante a noite para evitar serem notados. Já em São Sebastião do Paraíso, ladrões chegaram a levar mudas recém-plantadas.

 

A valorização do café arábica tem impulsionado a escalada desses crimes. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a cotação da saca saltou de R$ 1.003 no início de 2024 para R$ 2.553 em março de 2025, um aumento significativo que atrai a atenção de criminosos. No mercado internacional, o valor passou de US$ 204,34 para US$ 446,68 no mesmo período.

 

Para os cafeicultores, proteger a produção tornou-se um desafio cada vez maior. Muitos têm reforçado a segurança com câmeras, cercas e cães de guarda, mas afirmam que os furtos continuam. Em Alpinópolis, produtores organizaram reuniões para discutir medidas contra a crescente insegurança. “Tememos mais o furto no pé do que no armazém. Quando a lavoura fica longe, é difícil impedir”, relatou um agricultor da região.

 

Além dos pequenos furtos, grandes operações criminosas também estão em evidência. Em Jacutinga, a Polícia Civil recuperou uma carga avaliada em R$ 2 milhões, que havia sido levada do porto de Santos. Em Lavras, uma quadrilha responsável por um roubo de café foi desarticulada, resultando na prisão de sete suspeitos.

 

O tema tem sido amplamente discutido no setor. Durante a Femagri, feira promovida pela Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, produtores e especialistas destacaram a necessidade de reforço na segurança das propriedades. De acordo com José Eduardo dos Santos Júnior, representante da cooperativa, o café tem se tornado um alvo mais atrativo para criminosos do que fertilizantes e maquinários agrícolas.

 

Diante desse cenário, cafeicultores e autoridades seguem buscando soluções para conter os crimes e minimizar os prejuízos que ameaçam a produção no maior estado produtor de café do mundo.

 

*Com informações Mais Goiás

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