sexta-feira, 19 de abril de 2024

Plataforma para combater a violência contra a mulher deve ser apresentada em fevereiro

POR Jornal Somos | 15/01/2020
Plataforma para combater a violência contra a mulher deve ser apresentada em fevereiro

Editoria de Arte/G1

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Uma equipe de 28 voluntários, entre professores e alunos vinculados ao Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), tem preparado para fevereiro o lançamento de plataforma de combate a violência contra mulher, que tem como base um sistema de geolocalização e a captação de sons. A plataforma foi batizada de Hear (sigla para Help everyone to actively react- Auxiliando a todos a reagir ativamente, em tradução livre), essa ferramenta irá possibilitar que uma ocorrência seja comunicada a pessoas que estejam próximas do local de onde a violência está sendo praticada e possam socorrer a vítima e contatar a polícia. O serviço será disponibilizado gratuitamente.

 

A plataforma irá funcionar por meio de aplicativo instalado no celular que capta sons do ambiente em que a vítima está presente, para identificar palavras ou ruídos que possam ter sido produzidos em um contexto de violência. O download será possível após a efetuação de um cadastro na plataforma web. As notificações sobre os casos de agressão serão emitidas por Whatsapp a pessoas também cadastradas, que estiverem nas redondezas.

 

Para a professora Ana Paula Furtado, como se trata de um problema complexo, sob o ponto de vista computacional, o grupo que concebeu o projeto está realizando diversos testes, a fim de eliminar a possibilidade da existência de falsos negativos. Diante desse problema, é cogitada pelos criadores a adição de um botão que desabilite o aplicativo em algumas situações. A professora, como exemplo, cita o caso de a mulher desligá-lo quando vai assistir a um filme, já que o sistema poderia interpretar os barulhos gerados pelos personagens como uma ameaça e acionar a rede de apoio às vítimas.

 

Ela explica que o conjunto de palavras ditas pelos agressores e pelas vítimas varia conforme a região e que, para chegar as referências, consultou sete delegacias de polícia. "A gente faz análise de cenas acústicas. Dentro de alguns parâmetros do som, consegue avaliar, fazer estudos e indicar, com alto grau de precisão", explicou.

 

A docente conta que a proposta foi apresentada por um aluno, cuja mãe foi vítima de agressões cometidas pelo ex-companheiro. "Em setembro de 2018, um aluno teve a ideia. A mãe dele sofria violência na infância dele inteira. A gente ia desenvolver uma pesquisa em outra área e ele teve a ideia. Ele dizia ‘eu precisei crescer para ser o guia da minha mãe, porque via a hora de ela morrer’, disse Ana Paula, que leciona na escola de inovação Cesar School, e na UFRPE, na área de engenharia de software.

 

Da plataforma web, deverá constar um mapa de calor, no qual estarão indicadas todas as ocorrências detectadas. Isso, segundo ela, deverá contribuir para mudar o contexto de violência constante ao qual estão submetidas as mulheres.

 

A iniciativa foi um dos cinco projetos finalistas do EU-Brazil Innovation Pitch 2019, competição em que pesquisadores podem apresentar trabalhos que tenham um caráter inovador. O concurso é organizado pela Euraxess Brazil, pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e o Enrich Brazil, com apoio da Delegação Europeia no Brasil.

 

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