quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

O que Jogos Vorazes tem a ver com a política brasileira?

POR Jornal Somos | 27/10/2018
O que Jogos Vorazes tem a ver com a política brasileira?

Redação Jornal Somos

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Jogos Vorazes é uma trilogia de livros lançada entre 2008 e 2010 e uma franquia de filmes estadunidense lançada entre 2012 e 2015. Mesmo completando uma década após ser imaginada, escrita e distribuída, a trama traz uma crítica que está em alta nas eleições presidenciais no Brasil: a guerra contra o autoritarismo.

 

No primeiro filme, os habitantes dos 12 distritos - podemos compará-los com as unidades federativas do Brasil - estão descontentes com o Governo, que obriga a população à mandarem anualmente 2 jovens entre 12 e 18 anos para lutar até a morte numa arena com outros 22 concorrentes, sendo o evento considerado uma forma de diversão pela Capital - podemos considerá-la o Distrito Federal. O Evento é divulgado de forma a ser considerado bondoso, já que é permitido que o último sobrevivente volte para casa com muito dinheiro.

 

Porém, enquanto existe essa única pessoa por ano que consegue luxo e riqueza, assim como todos os habitantes da Capital, existem milhões de habitantes que passam fome por toda a nação. A Capital, alienada e egocêntrica, considera isso incrível e a principal forma de entretenimento, ficando entediada entre os jogos, ansiosos pela morte de outras 23 pessoas.

 

Na maior parte dos distritos, os Jogos são considerados um horror e bárbaros, porém existem famílias dos distritos 1, 2 e 4, que como são quase animais de estimação da Capital e contam com mais privilégios que o resto do país, adoram os Jogos e treinam os seus filhos desde o nascimento para esse momento de "glória". Os ensinam a usar armas, mesmo sendo contra a lei treiná-los, e os alimentam bem para que se tornem verdadeiros assassinos a sangue frio.

 

No 74º ano do regime, Katniss, uma jovem do Distrito 12, o menos privilegiado, desafia o Governo e consegue fazer com que o Presidente Snow seja obrigado a liberar duas pessoas vivas e ricas. Os habitantes da capital veem isso como uma história romântica e fofa, mas os habitantes dos distritos veem isso como uma forma de revolução, de escapar das amarras impostas à eles há sete décadas e meia. O Presidente, tirano, passa a ser visto como o sádico que ele é e isso o revolta. Ele tenta conter a revolução, destruir o clamor da população por um futuro melhor, mas acaba atiçando ainda mais o povo.

 

Com isso, o Presidente Snow acaba praticando atos terroristas contra os menos privilegiados como forma de conter os maiores e a torturar figuras públicas, de forma a conter os posicionamentos e o apoio que a revolução vinha obtendo, mas isso apenas coloca mais lenha na fogueira, resultando numa guerra civil comandada pela população aliada ao Distrito 13, um distrito que trocou a fieldade aos seus irmãos pela liberdade, acaba vencendo a Capital e retirando o autoritário Snow. Porém, o detalhe é que a população enxerga Presidente Coin, a líder do Distrito 13 como uma ótima alternativa para o Governo, e é nesse ponto que eles erram.

 

Coin, apesar de ter um histórico limpo e parecer honesta, pretendia fazer o mesmo que Snow, porém trocando o lado da moeda. Ela continuaria com os Jogos Vorazes, fazendo com que os netos e filhos dos habitantes da capital - crianças inocentes - lutassem até a morte, mantendo o autoritarismo e apenas invertendo os privilégios. No final, Katniss, em praça pública, onde foi posta para assassinar o Presidente Snow, acaba assassinando propositalmente Presidente Coin, por perceber que ela era a ameaça que não estava sendo reconhecida.

 

Agora você deveria me perguntar: O que isso tem a ver com a política brasileira e com as eleições presidenciais de 2018?

 

Acima de tudo, Jogos Vorazes é uma luta por humanidade e por democracia. De poder escolher os seus líderes e ter os seus direitos reconhecidos. Um dos presidenciáveis que poderá ser escolhido nesse domingo (28), promete morte aos menos privilegiados, promove o ódio entre os estados ao demonstrar xenofobia e tem como ídolo um coronel autoritário, que nesse caso apesar de ter um nome diferente do Presidente Snow, também apoia a tortura e a censura das maiores vozes da sociedade, como forma de renegar direitos que ele renega e oprimir a liberdade.

 

No final, a semelhança entre Jogos Vorazes e as eleições de 2018 é a luta contra o fascismo e a ditadura. Não se trata de posicionamento político, se trata da luta por um futuro onde não apenas nós mas como nossos filhos serão livres para expor as suas opiniões sem ter medo de ser torturado e assassinado. Nessas eleições não haverão vencedores, apenas sobreviventes. A hostilidade de um candidato e seu discurso de ódio já está sendo repassado para seus eleitores, como refletidos em crimes que vem sido cometidos pelos seus eleitores e é necessária a contenção do movimento violento, onde se escondem racistas, homofóbicos e machistas sob a máscara do "ficha limpa".

 

O Distrito 13 é refletido nas pessoas que votam nulo e branco, pois a omissão do Distrito causou a derrota na primeira revolução e a ditadura vivenciada por 74 anos por aqueles que não desfrutavam dos privilégios e liberdade oferecidos à eles. A situação brasileira atual demanda um posicionamento. Como dito em vários casamentos, estamos vivenciando o "fale agora ou cale-se para sempre". Universidades protestando contra um dos candidatos já foram invadidas por militares e é necessária resistência pela passagem por esses Dias Escuros.

 

Os omissos tem como argumento: são dois péssimos candidatos. O candidato que se torna a alternativa contra o fascismo vem de um partido que é muito rejeitado por grande parte da população brasileira que considera os 13 anos de governo ruins e nunca votariam nele de novo. O candidato alternativo ainda ganhou rejeição por ser orientado na candidatura por um ex-presidente que agora está condenado por corrupção. Como se não bastassem os fatores, ele recebeu vários ataques com notícias falsas ou apenas parcialmente verdadeiras que questionam a honestidade dele e de sua chapa.

 

Como dito por Lucas Domingues, Advogado e Chefe da Seção de Assuntos Jurídicos da Câmara de Sorocaba, em seu artigo publicado há dois meses: "A mensagem que quero deixar, como cidadão, é que por favor, não anulem ou votem em branco nessas eleições. O direito de votar foi conquistado com tanto esforço por nossos antepassados, que sobreviveram a explorações, monarquias, guerras e ditaduras". Antes do posicionamento contra qualquer político ou partido, devemos colocar a ética e votar a favor da garantia da liberdade.

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