sexta-feira, 19 de abril de 2024

Brasil

O novo modelo (ou repaginado) da Copa do Mundo

POR Jornal Somos | 15/06/2018

A escolha (óbvia) da América do Norte como sede do Mundial levanta questões

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Anunciando três países como sede da Copa do Mundo de 2026, a FIFA gerou polêmica ao quebrar acordo com diversas confederações. A disputa para sediar o torneio foi entre o Marrocos, que se candidatou pela quinta vez, e a união dos países da América do Norte, Canadá, Estados Unidos e México. A votação finalizou com 134 votos a favor da América e 65 para o Marrocos. Houve três abstenções, além disso, oito países não votaram Guam, Porto Rico e as Ilhas Virgens americanas, Marrocos, EUA, Canadá, México, e Gana, que não compareceram ao Congresso.

 A edição de 2026 traz um modelo novo de Copa do Mundo – mais estádios, mais organizadores, mais cidades participantes e competidores.  Em vez dos atuais 32 times, o Mundial terá 48 participantes. O novo formato também contará com alterações nas eliminatórias. 

A escolha do continente norte americano traz várias questões à tona. Seria isso uma ideia da Fifa para diminuição dos problemas? Lucro? Depois de quatro países emergentes sediarem o evento (África do Sul, Brasil, Rússia e Qatar), a escolha da candidatura que contém o país detentor da maior economia do mundo veio a calhar, uma vez que, acostumados com grandes eventos esportivos, os EUA não teriam problemas. 

 

O Marrocos defendia sua candidatura através do argumento de desenvolvimento, utilizado antes pelo Brasil e outros países desestruturados. A ideia é de que a Copa do Mundo traria desenvolvimento e lucro para o país sede. A tríplice norte americana apostava num lucro maior para a FIFA, instituição organizadora, pois a estrutura já estaria pronta. 

Analisemos então, o resultado da Copa do Mundo de 2014 organizada pelo Brasil. Como já mencionado aqui (inserir link), o Mundial veio em época de eleições, construiu estádios monumentais e hotéis, além de modificar sistemas de transporte das cidades que foram sedes de jogos e os reflexos negativos estão visíveis. Obras não finalizadas, estruturas abandonadas e muito dinheiro público desperdiçado nos chamados elefantes branco. O prejuízo ultrapassou a casa dos 10 milhões e continua...

 

O país ficou conhecido como um país de profunda instabilidade social e política, enquanto o lado social aguardado por sediarmos um evento tão grande não existiu. Neste período, ficou clara a crise que enfrentávamos. A expectativa era de que o PIB aumentasse que os projetos sociais continuariam e que tudo que foi investido retornasse como pontos positivos para a população.

Nada disso saiu do papel, as Olimpíadas vieram, a situação se agravou e o tão falado “país do futebol” caiu em descredito. Enquanto o México sedia a terceira Copa, os estragos pelo Brasil descartaram a possibilidade de repeteco...

 

Estaria a FIFA, então, errada em optar pela opção escolhida? Se mesmo com todos os problemas de 2014, os lucros da instituição somam mais de 8 bilhões, imagine em países desenvolvidos. Escolher os Estados Unidos, o México e o Canadá não foi questão de criar novos modelos, mas sim, optar pelo lucro e menos problemas.

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