terça-feira, 16 de dezembro de 2025
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A Polícia do Amazonas pediu a prisão preventiva de Juliana Brasil e de Rayza Bentes, médica e técnica de enfermagem responsáveis pelo atendimento ao menino Benício Freitas, de seis anos, morto no dia 23 de novembro após receber doses de adrenalina na veia no Hospital Santa Júlia, em Manaus.
A informação foi confirmada pela corporação nesta segunda-feira (5). O pedido foi feito após o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) revogar um habeas corpus preventivo que beneficiava a médica. Dias antes, a Justiça já havia negado pedido semelhante apresentado pela defesa da técnica de enfermagem.
O pedido de prisão foi protocolado após o avanço das investigações conduzidas pelo 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP). A criança morreu na madrugada do dia 23 de novembro, poucas horas depois de receber adrenalina por via intravenosa, aplicada pela técnica e prescrita pela médica responsável pelo atendimento.
Durante a investigação, a médica reconheceu o erro em documentos e mensagens encaminhadas à polícia. A defesa, no entanto, sustenta que a manifestação ocorreu em um momento de forte abalo emocional. Até a conclusão desta reportagem, ambas respondiam ao inquérito em liberdade.
Além da apuração por homicídio doloso por dolo eventual, a médica também passou a ser investigada por falsidade ideológica e uso de documento falso. Segundo a Polícia Civil, ela utilizava carimbo e assinatura com referência à especialidade de pediatria, sem possuir título oficialmente reconhecido.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, normas do Conselho Federal de Medicina não permitem que profissionais se identifiquem como especialistas sem a certificação adequada, o que pode caracterizar crime. As investigações seguem em andamento para apurar responsabilidades.
A Sociedade Brasileira de Pediatria permite a obtenção do Título de Especialista em Pediatria por meio de prova específica, mesmo sem residência médica. A defesa informou que a profissional atuava legalmente como médica e pretendia realizar a prova de título.
Segundo o pai da criança, o menino foi levado à unidade de saúde com tosse seca e suspeita de laringite. O tratamento prescrito incluía lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, o que teria causado estranhamento na família.
Após a primeira aplicação, a criança apresentou piora repentina, com queda acentuada da oxigenação. O menino foi levado para a sala de emergência, transferido posteriormente para a UTI e passou por intubação. Durante o procedimento, sofreu paradas cardiorrespiratórias e não resistiu, falecendo na madrugada de domingo.
Em nota, o hospital informou que afastou a médica e a técnica de enfermagem envolvidas e instaurou uma investigação interna por meio da Comissão de Óbito e Segurança do Paciente.
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