quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Dados do Datasus, sistema de informações do Ministério da Saúde, computam que ao menos 16,5 mil brasileiros vacinados contra a Covid-19 receberam doses dos dois imunizantes em aplicação no país. O fato é comprovado pelo registro destas pessoas, que possuem, por exemplo, a primeira dose sinalizada com a CoronaVac e a segunda dose com a Oxford/AstraZeneca, ou vice-versa.
A maior parte dos vacinados que trocaram as doses (14.791) se imunizou primeiro com a Oxford/AstraZeneca e, depois, recebeu a segunda dose com a CoronaVac. A menor parcela das pessoas vacinadas erroneamente (1.735) tomara a primeira dose da CoronaVac e o reforço com a Oxford/AstraZeneca. O equívoco ocorreu por todo o país, exceto nos estados do Acre e do Rio Grande do Norte, conforme demonstra os dados do sistema.
O protocolo nacional de imunização estabelece que os vacinados devem receber a aplicação com a dose contra a Covid-19 que estiver disponível no local de vacinação, sem possibilidade de escolha entre as fabricantes disponíveis no país, e após, no momento da segunda dose, a determinação é que seja mantida a farmacêutica inicial, para que seja concluída e assegurada a imunização.
Dessa forma, a mistura dos imunizantes distintos é prejudicial e considerada um erro. “Quem tomou uma dose de um fabricante e outra dose de outro não tomou nenhuma dose completa da vacina”, explica Cristina Bonorino, imunologista membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia.
Ilustração / foto: Heitor Xavier - Prefeitura de São Cristóvão
Os dados foram tabulados pelo portal de notícias Folha de S. Paulo no Datasus. Foram considerados todos os imunizados no Brasil no primeiro mês da campanha (de 17 de janeiro a 17 de fevereiro), que voltaram para a dose de reforço até o dia 8 de abril – isso significa um quantitativo de 3,5 milhões de pessoas analisadas, onde 16 mil registros demonstraram essa falha de troca de fabricantes.
A alternância entre as fabricantes das vacinas ocorreu em 1.645 municípios brasileiros, o que corresponde a quase um terço do total de cidades do país. Entre as capitais que mais registraram trocas estão o Rio de Janeiro (1.136 ocorrências), Goiânia (667 casos) e Brasília (520).
O Ministério da Saúde afirmou, em nota enviada à Folha, que foram notificadas 481 ocorrências de aplicações equivocadas com vacinas diferentes. “A pasta esclarece que cabe aos estados e municípios o acompanhamento e monitoramento de possíveis eventos adversos a essas pessoas por, no mínimo, 30 dias”.
Para Denise Garrett, epidemiologista vice-presidente do Instituto Sabin, estes erros na administração das doses poderiam ter sido evitados com uma maior coordenação do PNI (Programa Nacional de Imunização), no quesito de treinamentos, supervisão e registros da campanha. “Tão sério quanto essa falta de coordenação é o fato de não haver orientação por parte do programa em como proceder quando essas situações ocorrem”, disse.
(Com informações da Folha de S. Paulo)
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