Ao observar os rótulos de embalagens no Brasil, os consumidores não têm como saber a quantidade exata de açúcar presente na grande maioria dos produtos industrializados. As regras para os rótulos estabelecidas pela Anvisa vigente desde 2003 não obriga fabricantes a informar o teor de açúcar do alimento.

As empresas dizem que não informam isso porque não são obrigadas. O único indício que o brasileiro tem hoje de que um produto contém muito açúcar é observar a lista de ingredientes presente no rótulo. Nela, aparecem primeiro aqueles que foram usados em maior quantidade na fabricação, mas, não exatamente a quantidade de cada composto.

Além disso, existem vários tipos de açúcar que podem ser utilizados. Ele pode ser empregado como xarope, maltose, frutose, maltodextrina, entre outros. Em vez de estar agrupado, o açúcar surge nesta lista de várias formas e, mesmo querendo saber quanto foi usado no produto, o consumidor não tem como descobrir se tem bastante açúcar ou não.

Uma mudança neste sentido está sendo debatida pela Anvisa para obrigar os fabricantes a informar nas tabelas os açúcares totais e adicionais de alimentos. O relatório preliminar foi aprovado em maio deste ano e, agora, está em fase de consulta pública para a elaboração da nova norma. As alterações incluiriam padronizar as informações nutricionais contidas na tabela nutricional em porções de 100g ou 100ml - hoje, a quantidade da porção informada varia. Os produtos trarão ainda na parte da frente do rótulo um indicativo do alto teor de ingredientes que, se consumidos em excesso, podem fazer mal à saúde, como açúcar, sódio e gordura.

Para o especialista em Fitoterapia, Valtemir Paula de Oliveira Junior, a população deve fugir de alimentos com enormes listas de ingredientes.

“As pessoas devem ter acesso à lista de ingredientes desses alimentos e se a gente for parar para pensar, temos uma lista gigantesca dependendo do produto. É importante a gente ter noção. A nossa grande luta junto com a ANVISA é tentar estabelecer que a empresa cite a forma de açúcar utilizado, porque existe açúcar “oculto”, porque às vezes no alimento não está escrito açúcar, e ao analisarmos, nós temos esse ingrediente, porém com outros nomes como frutose, xarope de milho, uma gama de nomes que teoricamente a população não conhece. É importante olhar a lista de ingredientes que esse produto contém e não só as informações nutricionais.”

A expectativa é que uma nova norma seja aprovada no início do próximo ano.