quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

Luto na cultura brasileira: incêndio destrói parte do Museu Nacional

POR Jornal Somos | 03/09/2018
Luto na cultura brasileira: incêndio destrói parte do Museu Nacional

Redação Jornal Somos

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Na noite desse domingo (2), um incêndio foi motivo de comoção e perdas para a cultura do Brasil. O fogo aconteceu no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, na zona norte do Rio de Janeiro. O incêndio destruiu parte do acervo histórico. Não houve registro de vítimas e até o momento não se sabe as causas do incêndio.


O edifício tem dois séculos e o Museu contava com cerca de 20 mihões de peças, entre objetos de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia, no local estava também a maior coleção de múmias egípcias das Américas, esqueletos de dinossauros e várias peças de arte.


O Museu era a instituição histórica mais antiga do país, fundado por Dom João VI, em 1818. O Museu é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com perfil acadêmico e científico.


As chamas atingiram as salas de administração, elém dos locais que haviam exposições e coleções inteiras.


Nem tudo foi perdido


De acordo com a EBC, a vice diretora do Museu, Cristina Serejo afirmou que ''nem tudo foi perdido do acervo''.


Uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, que não foi afetado pelas chamas. O local tem 3 andares e prédios anexos.


Ainda segundo Cristina Serejo, alguns pesquisadores conseguiram sair do prédio com seus acervos pessoais. Outros funcionários também tiveram condições de retirar computadores pessoais.


Controle do fogo


As chamas foram controlados em torno das 3 da manhã de hoje (3). O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Coronel Roberto Robadey Costa Júnior, disse que pelo menos duas áreas não foram atingidas pelo fogo. Segundo ele, por duas horas, os bombeiros e funcionários do museu retiraram uma parte do acervo.


Homens e viaturas de 21 quartéis trabalharam na operação. As dificuldades eram o abastecimento de água, acesso ao local e elevada quantidade de material inflamável.


História


Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818 sob a denominação de Museu Real, o museu foi inicialmente instalado no Campo de Santana, reunindo o acervo legado da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada "Casa dos Pássaros", criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia.


A criação do museu visava a atender aos interesses de promoção do progresso sócio-econômico do país através da difusão da educação, da cultura e da ciência. Ainda no século XIX, notabilizou-se como o mais importante museu do seu gênero na América do Sul. Foi incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1946.


O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da história brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como amplos e diversificados conjuntos de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas.


Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo é subdividido em diversas coleções. É a principal base para as pesquisas desenvolvidas em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.


No campo da educação, o museu oferece cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, além de exposições temporárias e atividades educacionais. Administra o Horto Botânico, ao lado do Palácio de São Cristóvão, além do campus avançado na cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo  a Estação Biológica de Santa Lúcia, mantida em conjunto com o Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Um terceiro espaço no município de Saquarema é utilizado como centro de apoio às pesquisas de campo.


Algumas peças


Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas.


Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.


Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas.


O diretor de Preservação do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, João Carlos Nara, afirmou que o incêndio causa um “dano irreparável” ao acervo e às pesquisa nacionais. Ele acompanha de perto o trabalho dos bombeiros no local e disse que “pouco restará”, após o controle das chamas.


“Infelizmente a reserva técnica, que esperávamos que seria preservada, também foi atingida. Teremos de esperar o fim do trabalho dos bombeiros para verificar realmente a dimensão de tudo”, afirmou o arquiteto e historiador.


De acordo com João Carlos Nara, a equipe de administração do Museu Nacional aguardava o fim do período eleitoral para iniciar as obras de preservação da infraestrutura do prédio.


“É tudo muito antigo. O sistema de água e o material, tudo tem muitos anos. Havia uma trinca nas laterais. Isso é ameaça constante”, disse o diretor.

 

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