Em outubro passado, Jean Wyllys (PSOL) foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com o menor número de votos, 24.295. Este seria seu terceiro mandato, mas não é o que irá acontecer de acordo com entrevista exclusiva ao jornal Folha de S. Paulo, em que Jean afirmou que vai abrir mão do mandato. Fora do país, de férias, ele disse que não voltará ao Brasil por conta de ameaças, e que vai se dedicar à carreira acadêmica.

A decisão do deputado federal vai abrir espaço na Câmara dos Deputados para o vereador David Miranda, do Rio de Janeiro. Do mesmo partido, ambos são assumidamente gays e eram amigos da vereadora carioca Marielle Franco, também do PSOL, assassinada em março do ano passado.

Jean ainda contou que após o assassinato de Marielle Franco passou a andar escoltado, pois as ameaças de morte, já presentes há anos, aumentaram e fizeram-no abandonar a vida pública. “O Pepe Mujica [ex-presidente do Uruguai] quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide, os mártires não são heróis’. E é isso, eu não quero me sacrificar”, afirmou ele na entrevista.

O parlamentar ainda acrescentou: “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário. O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”.

Fica a dúvida como Miranda irá entender tudo que Jean conta, já que o mesmo tem também um companheiro (o jornalista americano Glenn Greenwald, que revelou o esquema de espionagem dos Estados Unidos descoberto por Edward Snowden em 2013). Em sua biografia na página oficial do Facebook, Miranda se apresenta como "o primeiro vereador assumidamente LGBT" do Rio.  "David Miranda é cria do Jacarezinho, negro, favelado e LGBT. Nunca conheceu seu pai e aos 5 anos ficou órfão de sua mãe", está escrito no texto.