sexta-feira, 26 de abril de 2024

Internautas reproduzem nas redes sociais pergunta feita por jornalista ameaçado por Bolsonaro

POR Ana Carolina Morais | 24/08/2020
Internautas reproduzem nas redes sociais pergunta feita por jornalista ameaçado por Bolsonaro

Montagem Jornal Somos

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Neste domingo (23), o presidente Jair Bolsonaro, ao ser questionado por um jornalista do O Globo sobre os cheques de Fabrício Queiroz para sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, respondeu afirmando que estava com vontade de “encher” a boca o repórter “na porrada”. Após este episódio, internautas iniciaram uma reprodução em massa da pergunta nas redes sociais marcando o chefe do Executivo federal.

 

 

No Twitter, a frase “Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?” está sendo postada por vários usuários, entre políticos, celebridades e entidades representativas. Durante parte da manhã desta segunda-feira (24), “Queiroz” e “Michelle” estavam entre os assuntos mais comentados da rede, com mais de 926 mil e 859 mil menções, respectivamente.

 

 

A ameaça proferida pelo presidente ao jornalista ocorreu durante visita à Catedral de Brasília, na manhã de domingo (23). Primeiramente, ao ser questionado, ele informou que não iria responder aos questionamentos. Após, ao receber a pergunta sobre os cheques novamente, ele se dirigiu aos profissionais da imprensa e disse: “Eu vou encher a boca desse cara na porrada”. Em sequência, ele emendou: “Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”.

 

 

Além da reação na web, o acontecimento repercutiu entre diversas personalidades e veículos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou ainda no domingo (23), que “a liberdade de imprensa é um valor inegociável na democracia”, dizendo também que “espera que o presidente retome o tom mais moderado dos últimos 66 dias”.

 

 

O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, relatou que “É lamentável que mais uma vez o presidente reaja de forma agressiva e destemperada a uma pergunta de jornalista. Essa atitude em nada contribui para o ambiente democrático e de liberdade de imprensa previstos pela Constituição”.

 

 

A imprensa internacional também repercutiu o caso. Jornais e portais jornalísticos de países como Estados Unidos, Reino Unido, Argentina e Índia, publicaram matérias sobre a ameaça feita por Bolsonaro, em veículos como o “The Guardian”, o “Independent”, “Sky News”, “Clarín”, “La Nación”, “The Hindu”, “India Today” e o Daily Mail”. Agências de notícias como “AFP” e “Reuters” retornaram às questões de Queiroz e a família Bolsonaro, e o texto da Reuters foi reproduzido pelo “The New York Times”.

 

 

O Jornal O Globo, em nota, informou que repudia a agressão do presidente ao repórter de seu jornal, dizendo que em todos os governos o veículo não se furtou de realizar as perguntas necessárias, de forma a cumprir o papel maior da imprensa. Confira a nota completa:

“O GLOBO repudia a agressão do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal que apenas exercia sua função, de forma totalmente profissional, neste domingo.

Em cobertura de compromisso público do presidente, o repórter solicitou que ele se pronunciasse sobre reportagens da revista Crusoé e do jornal Folha de S.Paulo que, no início deste mês, informaram que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz e a mulher dele depositaram cheques no valor de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Anteriormente, o presidente havia prestado uma informação diferente sobre os valores.

 

Bolsonaro, então, em manifestação que foi gravada, não respondeu à pergunta e afirmou a vontade de agredir fisicamente o repórter.

 

Tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população.

 

Durante os governos de todos os presidentes, o GLOBO não se furtou a fazer as perguntas necessárias para cumprir o papel maior da imprensa, que é informar os cidadãos. E continuará a fazer as perguntas que precisarem ser feitas, neste e em todos os governos."

 

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