quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

Inflação Oficial do mês de outubro é a maior dos últimos 18 anos

POR | 06/11/2020
Inflação Oficial do mês de outubro é a maior dos últimos 18 anos

Redação Jornal Somos

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Esta semana foram publicados os índices de inflação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que veio apenas para reforçar o que tem sido sentido pelos consumidores ao longo do ano de 2020.

 

 

Segundo os mesmos dados, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,86% em outubro deste ano, a maior alta para o mês desde 2002. O resultado é superior ao crescimento do mês imediatamente anterior, setembro, que teve resultado de 0,64%. O resultado ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que iam de 0,70% a 0,97%, mas acima da mediana, de 0,84%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast, do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,22%. O que deixa claro a realidade da reclamação geral da nação brasileira quanto aos preços, principalmente alimentos e combustíveis, tem afetado o orçamento de todas as famílias.

 

 

A inflação acumulada neste ano e nos últimos 12 meses também está em altas há muito não vistas. Os valores não ficam tão altos desde a implantação do Real, em 1994, e superou as crises de 2003 e de 2008, até então os maiores picos de alta neste segmento. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgou a alta de 2,51% nos alimentos em outubro, o que elevou o acumulado do ano para 11,26% e o dos últimos 12 meses para 16,41%. O pico deste ano, embora tenha praticamente os mesmos itens de pressão da inflação das crises anteriores, difere nos motivos. Nas anteriores, a pressão era mundial. Na atual, é interna. Embora o país continue produzindo safras recordes todos os anos, o excesso de exportação, devido ao câmbio favorável, reduz a oferta interna e pressiona os preços. Em 2008, a crise mundial dos alimentos foi provocada por secas, oferta menor e aumento de custos na produção. Renda menor e queda no consumo levaram um número maior da população mundial para a linha da pobreza. Em 2003, também por quebra de safra e abastecimento mundial precário, os preços subiram. Na lista das altas no Brasil, naquele ano, arroz e óleo de soja, provocadas pela elevação do dólar. A história se repete neste ano, mas com intensidade ainda maior.

 

 

Isso porque os reajustes de preços neste ano se estendem para praticamente todos os setores da alimentação, muitos deles com a oferta interna reduzida devido às exportações. Outros tiveram a produção afetada pela pandemia. A soja, o carro-chefe da agricultura brasileira, já soma exportações recordes de 82 milhões de toneladas neste ano. Com isso, a escassez interna da oleaginosa elevou os preços inclusive dos óleos vegetais concorrentes. Os de milho e de girassol tiveram reajustes de 30% e 28%, respectivamente, nos últimos 12 meses. O recorde de exportação de proteína animal também traz consequências para o bolso do consumidor. Em 12 meses, a carne bovina subiu 38%, a suína ficou 48% mais cara, e a de frango teve reajuste de 27%. As principais elevações de preços ocorrem nos itens mais populares, consumidos pela população de renda menor. No caso da carne bovina, vem de acém, músculo, paleta e fígado. Todos tiveram altas superiores a 45% nos últimos 12 meses. O açúcar, embora em ritmo menor, também sofre o efeito das exportações. O produto ficou 13% mais caro nos últimos 12 meses na cidade. O mercado de leite tem um desequilíbrio entre oferta e demanda.

 

 

Resultado final são os preços no campo em recordes e registrando aumento real de 57%, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O aumento dos produtos no campo provoca aceleração também nos industrializados. Os derivados de carnes e de leite tiveram reajustes de até 46% de novembro de 2019 a outubro de 2020. Frutas e legumes também puxam a lista dos maiores gastos dos consumidores. As altas foram de 13% e 17% neste ano, bem acima da inflação média de 3,7%. Efeitos da pandemia na produção e da alta do dólar, que resulta em aumento de custos, sustentam a alta. E pela tendência demonstrada é que as altas ainda poderão ser piores nos próximos meses. 

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