quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A cobertura vacinal contra a Covid-19 no Brasil está sendo afetada, conforme apontam dados da Fiocruz, pela estagnação das doses pediátricas e de reforço, o que, junto às recentes flexibilizações do uso de máscaras no país, bem como a nova alta de casos do vírus na Europa e na Ásia, gera preocupações quanto ao percurso da pandemia em território brasileiro.
Apesar da campanha de imunização ter seguido de forma consideravelmente positiva nos últimos meses, ainda há uma desigualdade entre as diferentes faixas etárias, o que faz acender um alerta à população mais vulnerável ao novo coronavírus, como os idosos e os imunossuprimidos.
O principal grupo que gera preocupação é o das crianças de 5 a 11 anos. Essa parcela representa 9,5% da população brasileira, e até então, ainda não atingiu 40% dos seus vacinados com ao menos a 1ª dose contra o novo coronavírus.
Para o epidemiologista e pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Diego Xavier, esse dado se explica na comunicação “falha” sobre a importância da campanha, na hesitação vacinal e também nas subnotificações que atrasam a distribuição de informações sobre o real cenário da imunização. “O governo federal desacreditou o imunizante, e isso leva medo a alguns pais. Por isso, eles estão evitando a vacinação”, afirma.
Em sequência, outra parcela de cidadãos que não atingem bons números são os jovens adultos, que são aqueles que possuem até 29 anos. Neste caso, a preocupação é referente à cobertura de 2ª dose, uma vez que essa é a única faixa etária com o nível de esquema vacinal completo abaixo de 80%. De acordo com os pesquisadores, isso influencia diretamente na cobertura total de vacinação contra a Covid do país.
Além do destaque para as crianças e os jovens adultos, o estudo da Fiocruz também demonstra outro alerta referente as doses de reforço, onde nenhuma faixa etária atingiu 80% de imunizados com essa dose. “Se a gente tivesse uma cobertura de dose de reforço maior, é possível que a gente tivesse enfrentado a onda da Ômicron muito melhor do que enfrentamos. Tínhamos um percentual muito pequeno quando a onda da Ômicron começou em janeiro”, explica a epidemiologista Ethel Maciel.
A reversão do cenário atual, para o pesquisador Diego Xavier, por ser feita a partir do investimento em campanhas de capacitação de profissionais regionais, para que eles levem informações corretas sobre a importância da imunização contra a Covid. "A gente precisa investir nos municípios, a gente precisa contratar e treinar a equipe nesses municípios mais pobres e oferecer a oportunidade desses municípios informarem de forma adequada [os dados da campanha] (...) Uma campanha que funciona no extremo Norte do Brasil pode não funcionar no Sul ou no Sudeste”, argumentou.
Os epidemiologistas da Fiocruz apostam em oferecer informações sobre a imunização como forma de aumentar a cobertura vacinal por acreditarem que a campanha foi desacreditada, inclusive pelo próprio governo federal. “Basicamente, nós não temos um incentivo à vacinação hoje no Brasil (...) O que tivemos foi, na verdade, uma campanha muito forte de desincentivo do governo federal. Um caso muito mais grave. Com disseminação de notícias falsas sobre efeitos adversos pós-vacinais que nem estavam analisados”, afirma Ethel.
(Com informações do g1)
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