quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

Fogo vem sendo utilizado para evitar incêndios no Cerrado e no Pantanal

POR Thaynara Morais | 01/05/2022
Fogo vem sendo utilizado para evitar incêndios no Cerrado e no Pantanal

Redação Jornal Somos

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O fogo ultimamente tem sido cada vez mais usado para prevenir incêndios em unidades de conservação brasileiras. Gestores de parques e comunidades tradicionais buscam, por meio de queimadas controladas feitas antes da estiagem, reduzir a quantidade de material inflamável disponível, como capim e folhas secas.

 

 

A técnica vem sendo usada principalmente no Cerrado, porém já começou a ser aplicada em outros biomas, como o Pantanal e em formações savânicas na Amazônia.

 

 

O objetivo é impedir a ocorrência de grandes incêndios no auge da seca, época em que fica mais difícil controlar as chamas e o fogo costuma ser mais destrutivo.

 

 

São aplicadas queimadas em diferentes áreas de cada vez, assim os animais conseguem fugir e a vegetação tem tempo de se regenerar. Os agentes monitoram as chamas para mantê-las baixas e evitar que escapem para outras áreas.

 

 

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental federal, 37 unidades de conservação federais no Brasil já realizam as “queimas prescritas”.

 

 

Essa técnica não é empregada em florestas tropicais, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. O fogo não ocorre naturalmente nesses ambientes, que são mais úmidos, e tende a provocar danos maiores.

 

 

"É uma quebra de paradigma", diz à BBC News Brasil o coordenador de Prevenção e Combate a Incêndios do ICMBio, João Morita.

 

 

À BBC News Brasil, o coordenador de Prevenção e Combate a Incêndios do ICMBio, João Morita afirma que, ao incorporar o fogo em suas políticas, o ICMBio conseguiu reduzir a incidência de grandes incêndios em unidades de conservação e atenuou conflitos com comunidades que dependem das queimadas para manter seus modos de vida.

No entanto, várias iniciativas no país desencorajam o uso tradicional das queimadas por associá-las à degradação ambiental.

 

 

Biomas íntimos do fogo

 

As queimas prescritas começaram a ser adotadas no Brasil em 2014, no Cerrado. Desde então, quase todos os 15 parques nacionais do bioma incorporaram a medida.

 

 

A prática, segundo Morita, já reduziu a incidência de grandes incêndios em locais como a Serra Geral do Tocantins, a Serra da Canastra em Minas Gerais, a Chapada das Mesas no Maranhão e Chapada dos Guimarães no Mato Grosso.

 

 

João Morita, do ICMBio, diz que a prática já reduziu a incidência de grandes incêndios em locais como a Serra Geral do Tocantins, a Serra da Canastra (MG), a Chapada das Mesas (MA) e a Chapada dos Guimarães (MT).

 

 

Em 2021, a Chapada dos Veadeiros  (GO), sofreu um grande incêndio em 2021, no entanto as queimas prescritas evitaram que as chamas chegassem às áreas de uso público de acordo com Morita.

 

 

A partir de 2017 a técnica passou a ser aplicada também em áreas de savanas semelhantes ao Cerrado na Região Amazônia, como é o caso do Parque Nacional do Viruá (RR), Reserva Biológica do Guaporé (RO) e no Parque Nacional dos Campos Amazônicos (RO e AM).

 

 

Um ano após sofrer incêndios devastadores, em 2021, o método chegou ao Pantanal.

 

 

Neste território, a queima prescrita tem sido testada no Sesc Pantanal, a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPNM) do país, ainda este ano deve ser aplicada no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense.

O coordenador do ICMBio, informou à BBC que as espécies vegetais do Pantanal têm 70% de similaridade com as do Cerrado, tornando a queima prescrita uma possível ferramenta no combate dos incêndios catastróficos que têm afetado o bioma.

 

 

De acordo com Morito, os pesquisadores à frente dos testes no Sesc Pantanal devem finalizar nos próximos meses uma publicação científica sobre os impactos da queima na fauna e flora locais.

 

 

Se confirmados, os efeitos positivos, Morito afirma que a técnica tende a ser expandida aos poucos para outras partes do bioma.

 

 

O ICMBio também tem auxiliado órgãos estaduais a implantar o método - é o caso do Parque Estadual do Juquery, última área protegida de Cerrado na Grande São Paulo.

 

 

O parque teve um grande incêndio em 2021 e deve começar a fazer queimadas prescritas neste ano, segundo Morita.

 

 

Ainda segundo o gestor do ICMBio, ainda há a intenção de levar a técnica no futuro para unidades de conservação na Caatinga e no Pampa.

 

 

Nos últimos anos, as queimas controladas também vêm ganhando espaço em outros países que têm sido duramente afetados por incêndios, como o Canadá, os EUA, Austrália e Portugal.

 

 

As queimas controladas também vêm ganhando espaço nos últimos anos em outros países que têm sido duramente afetados por incêndios, como o Canadá, os EUA, a Austrália e Portugal.

 

 

Tanto no Brasil quanto em alguns desses países, gestores de parques têm trocado experiências com povos indígenas e comunidades tradicionais, que há séculos manejam o fogo em territórios com grande biodiversidade.

 

 

 Com informações da BBC

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